Polarização aumenta na última semana da campanha espanhola

18 de julho 2023 - 16:32

O PP continua a liderar as sondagens e esta quarta-feira o seu líder, novamente apanhado a mentir na entrevista à TVE, não vai participar no debate televisivo entre os maiores partidos, delegando no Vox a representação da direita espanhola.

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Estúdio da TVE onde terá lugar o debate final
No debate final nas televisões, o grande ausente é o líder do PP. Imagem RTVE.

A publicação de sondagens está proibida nos últimos dias de campanha eleitoral para as legislativas de domingo, mas à exceção da sondagem do instituto público CIS, todas as outras apontam o PP na liderança das intenções de voto, embora longe da maioria absoluta. A única divergência entre estas sondagens está em qual dos partidos ocupa a terceira posição na preferência do eleitorado, com algumas a indicarem o Sumar e outras o Vox.

A tendência das intenções de voto não teve grandes oscilações desde o dia em que as eleições foram convocadas, após as regionais e municipais do final de maio, com o Vox a descer e os restantes partidos a subir. E foi esse conforto que fez o PP assumir a estratégia de não cometer erros, optando por ter o seu líder a participar apenas num frente a frente televisivo com Pedro Sánchez e recusar os restantes propostos pelos vários canais.

O atual primeiro-ministro tem conciliado a agenda da presidência da UE com a presença em iniciativas de campanha eleitoral socialista e em inúmeras entrevistas, apostando em mais uma reviravolta nas urnas em relação às sondagens e assim conseguir renovar o governo de coligação à esquerda. Para que isso seja possível, a líder do Sumar Yolanda Diaz repete a mensagem de que o voto no seu partido é decisivo para que o Vox não consiga alcançar a terceira posição e assim garantir os deputados suficientes para formar governo com o PP. A política galega tem atacado o seu conterrâneo líder do PP, recordando a amizade mantida por Feijóo com um conhecido narcotraficante quando liderava o governo da Galiza, documentada com uma foto dos dois a confraternizarem no iate deste.

Apanhado a mentir em direto, Feijóo prometeu pedir desculpas... mas não o fez

Desde o frente a frente com o líder do PSOE, marcado por várias mentiras de Feijóo, há um tema que tem assombrado a sua campanha: os aumentos aos pensionistas. O líder do PP insistiu que o seu partido tinha sempre votado a favor dos aumentos aos pensionistas de acordo com a inflação, embora os factos o desmintam, pois o PP votou contra a lei que previa esses aumentos.

Na entrevista à TVE esta semana, Feijóo voltou a insistir que o PP sempre aumentou as pensões de acordo com a evolução do índice de preços. E quando a entrevistadora o corrigiu, dizendo que não o fez em 2012, 2013 e 2017, nos governos de Mariano Rajoy, em que os pensionistas perderam poder de compra, Feijóo não só insistiu como pediu à jornalista que fosse rever os seus dados e se retratasse daquelas afirmações, prometendo pedir desculpas caso estivesse errado.

Não foi preciso chegar ao fim da entrevista para aparecerem nas redes sociais as imagens de arquivo das declarações da então nº 2 do governo do PP, Soraya Sáenz de Santamaría, a explicar porque não iriam aumentar as pensões de acordo com a evolução dos preços. Mas não só Feijóo não pediu desculpas públicas como fugiu à questão no centro do debate, publicando um "esclarecimento" a dizer apenas que o PP nunca congelou as pensões, ao contrário do PSOE. Também ficou por explicar a sua declaração de que tinha votado a favor do aumento das pensões, quando na verdade o fez apenas numa resolução não vinculativa, votando contra a lei que garante a subida das pensões.

Numa campanha em que o centro do ataque do PP está na credibilidade do primeiro-ministro Pedro Sánchez e em que Feijóo promete "reconciliar a política com a verdade", as mentiras repetidas em direto nas televisões e o seu contorcionismo na hora de as retificar podem beliscar a imagem do candidato da direita nos últimos dias. Mas a boa notícia para Feijóo é que não terá oportunidade de voltar a fazê-lo no último debate televisivo marcado para esta quarta-feira, tendo anunciado logo à partida a sua ausência. O espaço político da direita estará assim representado apenas pelo Vox, com Santiago Abascal a não querer perder a oportunidade de recuperar apoios entre o eleitorado do PP numa altura em que as sondagens são unânimes a registar a queda do partido da extrema-direita.

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