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Pneus novos, computador de bordo e bilhete de volta: um novo robô em Marte

A missão da Perseverance é descobrir se existiu vida em Marte. E desta vez as amostras serão enviadas mesmo para a Terra.
NASA/JPL-Caltech

A Perseverance aterrou em Marte na quinta-feira pelas 19h de Lisboa e logo enviou as primeiras fotografias. Após sete minutos cruciais, que puderam ser acompanhados numa emissão em direto da sala de controlo do Laboratório de Propulsão a Jacto da NASA, na Califórnia (nos EUA), a aterragem foi concluída na cratera Jazero. A missão é descobrir se existiu vida em Marte. E desta vez as amostras serão mesmo enviadas para a terra.

Se o primeiro robô enviado a Marte em 1997 era de um tamanho de um micro-ondas, este é um pouco maior, do tamanho de um pequeno automóvel. Todo-o-terreno e com computadores capazes de calcular e escolher o melhor caminho para chegar aos locais definidos remotamente a partir da terra, a Perseverance tem até o seu próprio helicóptero (ou, pelo menos, um drone), para fazer aquele que será o primeiro voo noutro planeta.

O robô conta com tecnologia capaz de transformar dióxido de carbono em oxigénio e um vasto leque de valências para recolha e análise de amostras. Tem o seu próprio laboratório, sistema de instrumentos, perfuradores, é capaz de recolher e referenciar os materiais em tubos e compartimentos com capacidade de guardar pequenas rochas, que guardará dentro da sua "barriga". 

A análise desse material poderá oferecer pistas para se perceber se alguma vez terá existido vida em Marte. E, também, porque é que um planeta que teve água (evidências recolhidas pelas anteriores missões) agora já não tem, questões com particular relevância para o próprio planeta Terra.

Uma das novidades desta missão procura satisfazer um desejo de várias gerações de cientistas que anseiam um dia poder analisar na Terra amostras de material recolhidas em Marte. O robô irá recolher e guardar as amostras seladas num compartimento, que será depois largado num local para ser recolhido numa missão futura que a trará para a Terra. Essa será uma missão conjunta entre a NASA e a agência europeia ESA, com data de inicio para 2026 e regresso à Terra marcado para 2031. O projeto Perseverance é o quinto robô da NASA em Marte e prossegue a missão do projeto de 2012, Curiosity.

O primeiro foi o Sojourner que aterrou em 1997 e alterou radicalmente a forma de conceptualizar o futuro do trabalho de exploração de Marte, já não por via de estações estacionárias, para robots que se movem pelo espaço, como um geólogo faria na Terra. Com a demonstração do sucesso dessa capacidade móvel, foram enviados o Spirit e o Oportunity, que tinham como missão encontrar prova de que terá existido, nalgum momento, água em Marte. Confirmada essa hipótese, a pergunta que se seguiu foi se alguma vez teriam sido reunidas condições para a existência de vida em Marte e para isso foi enviada a missão Curiosity em 2012. Esta, já do tamanho de um pequeno automóvel, tem capacidades muito diferentes das anteriores, aterrando com sistema de propulsor contrário em vez do paraquedas para reduzir a velocidade, carregando o seu próprio laboratório e descobrindo evidências da habitabilidade em Marte e que ainda opera atualmente.

A Perseverance procurará responder à questão da existência de vida microbiológica em Marte. Com 23 camaras, raio-X e laser ultra violeta, novos computadores e algoritmos capazes de calcular o melhor caminho para chegar a determinado ponto, anda autonomamente e três vezes mais rápido que a anterior. E tem rodas novas que a impedem de atolar na areia de Marte, como a sua antecessora em 2014. Em média espera-se que percorra cerca de 200 metros todos os dias.

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