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PJ investiga contratos de sete milhões de euros dos institutos dos vinhos

Em causa estão contratos de promoção e relações públicas adjudicados a um grupo restrito de empresas de que é sócio o presidente da Associação Comercial do Porto, Nuno Botelho.
Foto de Paulete Matos

A Polícia Judiciária (PJ) realizou, esta terça-feira, buscas na Associação Comercial do Porto (ACP), no Instituto do Vinho do Douro e do Porto (IVDP), na Fundação da Juventude e no Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira (IVBAM) por suspeitas de participação económica em negócios, corrupção e branqueamento de capitais, segundo o Jornal de Notícias.

Em causa estão contratos de promoção dos vinhos portugueses em mercados no Brasil, Canadá e EUA, que foram adjudicados a um grupo restrito de empresas e que perfazem um valor de sete milhões de euros.

Segundo o jornal Público, a investigação desta teia de negócios tem no centro várias empresas de que é sócio Nuno Botelho, presidente da Associação Comercial do Porto.

As empresas visadas são “Essência do Vinho”, onde Nuno Botelho, tem participações, e a OPAL Publicidade. Estas duas empresas terão recebido entre 2019 e 2021 cerca de sete milhões de euros de adjudicações, tanto do IVP como do IVBAM. Eram as únicas empresas que se candidatavam ao concurso p´blico internacional e algumas vezes dividiam entre si os lotes a concurso, diz o Público. Estão agora sob suspeita de serem “fornecedores privilegiados”.

Ainda segundo o Público, o principal alvo das investigações é Nuno Botelho, antigo assessor da autarquia portuense no primeiro mandato de Rui Rio e que se tornou diretor executivo da ACP quando a associação era presidida por Rui Moreira, a quem sucedeu na liderança e foi diretor de campanha para as autárquicas de 2013. O jornal destaca ainda a coincidência no tempo da passagem de Botelho pela Câmara do Porto com a de Manuel Cabral, que se viria a tornar presidente do Instituto de Vinhos do Douro e Porto e em cujo mandato assinou os contratos mais chorudos para a empresa de Botelho, no valor de 2,2 milhões de euros entre 2014 e 2018.

Agora apontado pela TVI como principal visado na investigação a um esquema de corrupção, com suspeitas “de que possa acumular o cargo público com interesses pessoais em empresas da sua esfera privada, que celebram contratos com o Estado”, Nuno Botelho tem-se destacado também nos últimos meses pelos ataques ao Bloco de Esquerda na sua coluna de opinião no Jornal de Notícias. Em setembro, a propósito da proposta bloquista de acabar com o privilégio fiscal aos residentes estrangeiros, acusava o partido de “falta de vergonha”, “demagogia e populismo baratos”, concluindo que o Bloco seria um perigo para “o futuro da democracia continental”.

Tanto a ACP, IVDP e IVBAM desconhecem os motivos das buscas e garantem total transparência no decorrer da investigação que pretende apurar a existência de crimes de corrupção passiva e ativa, participação económica em negócios e branqueamento de capitais, ainda sem constituir arguidos.

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