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Perto de metade das famílias portuguesas tem dificuldades em aceder a serviços de saúde

De acordo com o Eurostat, em 2016, 47,4% das famílias portuguesas sentiram dificuldade em pagar serviços de saúde devido aos elevados custos. O país onde se registaram mais dificuldades foi a Grécia, onde 90% das famílias afirmaram ser complicado aceder à saúde.
Foto de Paulete Matos.

A autoridade estatística europeia revela ainda que, em Portugal, perto de uma em cada dez famílias tiveram “muitas dificuldades” em fazer face aos custos com a saúde e 13,4% sentiram “dificuldades moderadas”. Mais de uma em cada quatro famílias tiveram “algumas dificuldades”, avança o Eurostat.

Em 2016, 71% dos lares da União Europeia não tinham dificuldade em liquidar as despesas com serviços de saúde, sendo que 22% tinham mesmo “muita facilidade”. Os restantes 29% dos lares assinalaram algumas dificuldades, com 4% a afirmarem ter “muita dificuldade”.

As famílias gregas foram aquelas que reportaram mais dificuldades em aceder à saúde, com 90% das famílias a dizerem ser complicado cobrir estes custos. A Hungria aparece em segundo lugar, com 74% das famílias a sentir dificuldades em pagar os serviços de saúde. No Chipre, a percentagem de famílias com dificuldades para pagar o acesso à saúde foi de 72%, Letónia de 64%, na Eslováquia de 61% e na Itália de 56%.

Na Finlândia, 87% das famílias referiram pagar serviços de saúde com facilidade. A situação é similar em países do Norte da Europa como o Reino Unido, a Alemanha, a Suécia e a Dinamarca, com percentagens superiores a 80%.

Os dados do Eurostat têm em conta serviços de saúde públicos e privados.

“Taxas moderadoras são completamente inúteis”

De acordo com Charles Normand, da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a Europa, citado pelo jornal Sol, “as taxas moderadoras são, em termos técnicos, completamente inúteis”.

Durante a apresentação do relatório Health System Review Portugal, Charles Normand alertou que, mesmo com o regime de isenções existente, há casos em que as taxas são uma barreira.

Por outro lado, as mesmas não contribuíram para a alteração de comportamentos, sendo assim ‘inúteis’.

O documento assinala que o envelhecimento, doenças crónicas e o peso da pobreza na população portuguesa constituem desafios marcantes no país e refere a necessidade de garantir um reforço do orçamento e investimento no SNS, de alterar um sistema que ainda é ainda é muito ‘medicocêntrico’ e precisa de centrar-se mais nos doentes e de dar mais competências a enfermeiros e outros profissionais.

O rácio de enfermeiros para médicos no SNS é dos mais baixos na Europa, aponta o relatório.

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