Península Ibérica: ondas de calor podem vir a ter dobro de intensidade em 2050

14 de maio 2021 - 18:18

Os estudos de cientistas de duas universidades galegas apontam para aumento de intensidade, frequência, duração e extensão das ondas de calor na região. Com efeitos, por exemplo, no risco de incêndio, no consumo de energia, na agricultura e na saúde humana.

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Calor em Sevilha. Foto de Teo Ruiz/Flickr,
Calor em Sevilha. Foto de Teo Ruiz/Flickr,

Uma investigação de especialistas das Universidades de Vigo e de Santiago de Compostela, publicada na revista científica Atmospheric Research, estima que em 2050 as ondas de calor em Portugal e Espanha poderão alcançar o dobro da intensidade atual. Os cálculos contidos no estudo “Heatwave intensity on the Iberian Peninsula: future climate projections” apontam para uma subida média da intensidade das ondas de calor para o período 2021-2050 de 104%.

De acordo com os autores, nem toda a Península Ibérica será atingida da mesma forma. A região central-leste da região será a que vai sofrer “maiores mudanças”, com a costa do Mediterrâneo e zona dos Pirinéus a poder assistir a ondas de calor com uma intensidade maior em 150%.

As áreas afetadas têm tendência a aumentar a um ritmo de 6 a 8% por década. E a sua extensão também. A extensão média das ondas de calor aumentou, no período de referência anterior, entre 1971 e 2000, 1,71% a cada dez anos, a máxima subiu 4,3%. Segundo os cientistas das universidades galegas, as zonas onde as ondas de calor conhecerão maior intensidade das ondas de calor e aquelas em que terão maior duração não coincidirão. A intensidade medida pelo processo de aclimatação do corpo humano será mais alta, mas as ondas de calor terão uma duração mais curta nas regiões montanhosas ocidentais relativamente às da zona sudeste da Península e costa mediterrânea em geral, devido ao transporte de massas de ar do Oceano Atlântico para o oeste.

Nieves Lorenzo, investigadora do grupo EphysLab da Cim-UVigo e Alejandro Díaz-Poso e Dominic Royé do Departamento de Geografia da Universidade de Santiago de Compostela partiram da necessidade de estudos específicos sobre este território e chegaram à conclusão que a intensidade, frequência, duração e extensão espacial das ondas de calor na Península Ibérica terão um aumento expressivo.

Destas alterações resultará, por exemplo, um aumento de risco de incêndios e a necessidade de mais consumo de energia para climatização. A exposição crescente do corpo humano ao calor também é referida como um efeito importante. E agricultura também será afetada.

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