Genocídio

Papa Francisco doou papamóvel para ser clínica em Gaza

06 de maio 2025 - 16:07

A “última iniciativa” do Papa, diz a Caritas, foi transformar o veículo em que se deslocou em 2014 em Belém para levar medicamentos e assistência médica à Faixa de Gaza. Mas para lá entrar é preciso que Israel ponha fim ao bloqueio à ajuda humanitária que está a deixar a população sem água, alimentos ou medicamentos.

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Papamóvel a ser remodelado.
Papamóvel a ser remodelado. Foto da Caritas

Um dos veículos utilizados pelo Papa Francisco vai ser transformado em clínica para operar em Gaza e dedicado em particular às crianças. A informação foi dada pela Cáritas em comunicado, cuja secção de Jerusalém o detém, e que esclareceu que esse foi o desejo expresso pela figura mais importante da Igreja Católica antes de morrer.

Esta decisão é apresentada como “a última iniciativa do Papa Francisco” e diz respeito ao “papamóvel” que foi utilizado na sua visita a Belém em maio de 2014.

Israel fechou a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza mas a organização espera poder levar o veículo ao território assim que o corredor humanitário seja reaberto. Entretanto, este está a ser equipado com material de diagnóstico, exame e tratamento, como testes rápidos para infeções, kits de sutura, seringas e agulhas, oxigénio, vacinas e um frigorífico para medicamentos e passará a ser operado por um motorista acompanhado de uma equipa de médicos.

No comunicado, Peter Brune, secretário da Caritas na Suécia explica que “chegaremos a crianças que atualmente não têm acesso a cuidados médicos, crianças feridas e desnutridas” e que esta “é uma intervenção concreta que salva vidas”. Para ele, “não se trata apenas de um veículo, é uma mensagem de que o mundo não se esqueceu das crianças de Gaza”.

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No mesmo documento, Anton Asfar, secretário-geral da Caritas Jerusalém, acrescenta que “este veículo representa o amor, o cuidado e a proximidade demonstrados por Sua Santidade para com os mais vulneráveis, que ele expressou durante toda a crise”.

A Caritas escreve ainda que “a situação humanitária em Gaza é cada vez mais crítica, especialmente para os quase um milhão de crianças deslocadas. Quando o acesso a comida, água e cuidados de saúde é cortado, as crianças são muitas vezes as primeiras e as mais fortemente atingidas. Fome, infeção e outros condições preveníveis colocam as suas vidas em risco.”

Peter Brune sublinha que a Caritas Jerusalém tem “uma longa história de providenciar cuidados de saúde em Gaza sob condições difíceis”, tendo mais de cem trabalhadores no local.

Recorde-se que na sua última intervenção em vida, no domingo de Páscoa, o Papa Francisco tinha pedido um cessar-fogo em Gaza, a libertação dos reféns e “ajuda às pessoas que estão com fome e anseiam por um futuro de paz”.