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Pandemia triplicou o desemprego no Algarve

O período das contratações sazonais para o turismo coincidiu com o início da pandemia. Em maio havia cerca de 28 mil pessoas na região inscritas como desempregadas no IEFP. O Bloco propõe um plano de emergência para o Algarve.
Hotel Algarve. Foto de Miguel Librero/Flickr.
Hotel Algarve. Foto de Miguel Librero/Flickr.

Foi um aumento de mais de 200% do desemprego que o Algarve conheceu em maio. A pandemia atingiu fortemente o turismo, coração económico da região, e chegou no momento em que se faziam as contratações para a época alta deixando milhares de pessoas sem ser contratadas e fazendo com que outras, que estavam nos períodos experimentais dos contratos, fossem despedidas.

O número de pessoas na situação de desemprego esteve em crescendo desde março, altura em que havia 21.636 inscritos no Instituto de Emprego e Formação Profissional, um crescimento de 41% face ao ano anterior. Em abril eram já 26.379, uma subida de 120%. E em maio o número chegou aos 27.675, mais 202,4%.

A delegada regional do Algarve do IEFP, Madalena Feu, salienta que a situação da pandemia criou um novo tipo de desemprego. Agora, 28% dos afetados pelo desemprego são estrangeiros, nos quais se destacam brasileiros, indianos e nepaleses, que trabalhavam na hotelaria ou no setor agrícola. Alguns, não sendo estrangeiros, são de fora da região.

Com o fim do período de confinamento, 85% dos hotéis reabriram. Ainda assim, a retoma não vai ser imediata e a situação vai deixar marcas.

Para além disso, temem-se os efeitos da decisão britânica de excluir Portugal da lista de países para os quais se pode viajar sem ter de fazer 14 dias quarentena no regresso a casa. O mercado britânico está no topo dos clientes do turismo algarvio, com mais de dois milhões de visitantes por ano, metade do fluxo de passageiros do aeroporto de Faro e um terço do total dos turistas na região.

Os patrões do turismo algarvio dizem que vai haver “graves prejuízos” e um impacto “enorme não só para o turismo, como para a riqueza da região e do próprio país”, palavras de Elidérico Viegas, presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve.

Um plano de emergência para recuperar o Algarve

O Bloco de Esquerda do Algarve reagiu à crise através da criação de um plano de emergência com trinta propostas que pretendem “recuperar o Algarve e salvar as suas populações e micro e pequenas empresas, que sofrem os efeitos da pandemia da covid-19” diz o deputado bloquista, João Vasconcelos. Este plano foi transformado posteriormente num projeto de resolução apresentado na Assembleia da República.

O que a pandemia fez, explica o deputado eleito pelo Algarve, foi colocar “em evidência as vulnerabilidades do Algarve que se prendem com o modelo económico que tem imperado na região”. Isto é dependência do turismo de praia, “à custa da eliminação, ou diminuição muito acentuada de outras atividades económicas”. Os resultados, acredita, “estão à vista de todos” e a consequências são “dramáticas”. Ao número de desempregados, o Bloco junta o agravamento da precariedade e os salários em atraso.

Um recuperação “em bases sólidas” da região implicará políticas de investimento público e de criação de emprego, de reforço de serviços público, combate à discriminação, melhoria da mobilidade e aposta na diversificação económica. Uma das apostas para esta diversificação é o mar: equacionar a criação de um Parque Tecnológico ligado às Ciências do Mar, canalizar apoios para a defesa das atividades ligadas à pesca, viveirismo e marisqueio e, em particular, da pesca artesanal, avançar com um plano de requalificação dos portos e lotas que se encontram degradadas e desassorear portos, barras e canais da região.

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