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Organização Mundial de Saúde alerta que “as ameaças vão continuar”

A Covid-19 torna-se-á endémica e teremos de aprender a viver com ela. Também temos de nos preparar para uma próxima pandemia que pode até ser mais severa, avisam os peritos.
Logotipo da OMS no seu edifício. Foto de Guilhem Vellut/Flickr.
Logotipo da OMS no seu edifício. Foto de Guilhem Vellut/Flickr.

Na última conferência de imprensa do ano, realizada esta segunda-feira, a Organização Mundial de Saúde fez o balanço do combate à Covid-19 e traçou as perspetivas para o próximo ano, sublinhando que, apesar das vacinas, a doença se tornará endémica.

David Heymann, epidemiologista e líder do grupo estratégico e técnico de aconselhamento para riscos infecciosos, assim o declarou: “Parece que o destino do SARS-CoV-2 [que causa a Covid-19] é tornar-se endémico, assim como os outros quatro coronavírus humanos, e que continuará a sofrer mutações enquanto se reproduz nas células humanas, especialmente em zonas com elevadas taxas de contágio”. Por isso, afirma, necessitamos de combinar as “ferramentas para salvar vidas” com “uma boa saúde pública”.

Este especialista da Escola de Medicina Tropical de Londres notou ainda que “o conceito de imunidade de grupo foi mal compreendido, quando se acreditou que de alguma forma diminuirá o contágio se pessoas suficientes forem imunizadas”. Apesar de vacinas e testes, o vírus continuar-se-á a espalhar e “temos de conviver com isso”. “Ninguém pode prever como vai evoluir a imunidade porque há muitas coisas que ainda não se sabe, como a duração da imunidade oferecida pelas vacinas”, acrescentou.

Por sua vez, o dirigente do programa de emergências da OMS, Mike Ryan, destacou que esta pandemia “não será necessariamente a maior” e que uma próxima pode ser “mais severa” que a atual. Esta “pode não ser a grande pandemia que temíamos” porque “este é um vírus muito transmissível e mata” mas tem “uma mortalidade relativamente baixa em comparação com outras doenças transmissíveis”. Ou seja, “mesmo quando a pandemia de Covid-19 estiver controlada, estas ameaças vão continuar”, alertou.

O responsável pensa assim que o que aconteceu deve ser entendido como “uma chamada de atenção”. Segundo Mike Ryan, “o planeta é frágil” e “vivemos numa sociedade global cada vez mais complexa”. Apesar de estarmos “a aprender agora a fazer melhor as coisas – ciência, logística, treino e liderança governamental, como comunicar melhor”, “precisamos de honrar aqueles que perdemos, melhorando o que fazemos todos os dias”.

Sobre a vacina, defende também que “não é garantia de eliminação ou erradicação de uma doença infeciosa”. O seu primeiro objetivo “é salvar vidas e proteger os vulneráveis” mas permitirá “que a disseminação do novo coronavírus seja controlada e as sociedades possam regressar à normalidade”.

A terceira especialista a tomar a palavra foi a cientista-chefe da organização, Soumya Swaminathan, que adiantou que a vacinação não quer dizer que distanciamento social e uso de máscaras sejam para descartar nos meses que se seguem. Quanto às vacinas, foi também cautelosa: “O primeiro papel da vacina é prevenir doenças sintomáticas, doenças graves e mortes. Mas ainda não se sabe se também reduzem o número de infeções ou evitam que as pessoas transmitam o vírus”.

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