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“O Sr. Juncker que culpe o seu partido por ter aprovado estas regras ridículas”

Falando em Estraburgo para um hemiciclo quase vazio, o presidente da Comissão Europeia disse que o Parlamento Europeu é “ridículo”. Marisa Matias diz que ridículas são as regras do plenário que o partido de Junker fez aprovar.
Marisa Matias. Foto Parlamento Europeu - Flickr

Na sessão matinal do plenário do Parlamento Europeu, o tema era o balanço da presidência de Malta, com a presença do primeiro-ministro Joseph Muscat e do presidente da Comissão Jean Claude Juncker. Perante as poucas dezenas de eurodeputados presentes, Juncker acusou o Parlamento Europeu de ser “completamente ridículo”, argumentando que se o convidado fosse Macron ou Merkel, “a sala estaria a transbordar”.

Para a eurodeputada do Bloco Marisa Matias, o presidente da Comissão “preferiu pôr todos os deputados e toda a gente na UE  a falar sobre esta coisa do “ridículo” em vez de estarmos a discutir o verdadeiro debate que acontece hoje nesta casa, que é sobre a criação do exército europeu”.

“O Sr. Juncker não tinha rigorosamente nada para dizer sobre a presidência de Malta e resolveu criar um facto sem a mínima relevância política”, afirmou Marisa Matias aos jornalistas após o plenário. “Sobre dar importância à França e Alemanha, o Sr. Juncker que nos dê explicações, porque ele é que anda sempre atrás da França e da Alemanha, não são os eurodeputados”, prosseguiu Marisa.

“Ridículo é haver um parlamento que tenha a funcionar ao mesmo tempo que o plenário as comissões, votos em comissões, reuniões de grupos parlamentares, conferências de presidentes de comissão, de presidentes de delegação… enfim, todo o tipo de reuniões. E nós não temos o dom da omnipresença”, explicou a eurodeputada do Bloco, apontando responsabilidades ao PPE, de que Junker faz parte, que fez aprovar “as regras de funcionamento do plenário de maneira a que possa acontecer tudo ao mesmo tempo. Eu nunca votei a favor destas regras, acho ridículo que elas sejam assim”, sublinhou Marisa.

“Ridículo é um grupo parlamentar como o meu, com 52 deputados eleitos, ter 2 minutos de tempo de palavra para esse debate que é dito prioritário”, acrescentou a eurodeputada, dando em seguida o exemplo da sua agenda de trabalho para a manhã desta terça-feira: “Eu estava cá às 7h30 e às 8h da manhã tive uma audiência com o vice-presidente da Comissão, o Sr. Dombrovskis. A seguir estive a negociar o parecer que elaborei sobre o combate às desigualdades na UE”.

“E eu pergunto: O que é mais útil para os cidadãos portugueses numa manhã tão cheia como esta? É estar a fazer audições ao Sr. Dombrovskis sobre os impactos das reformas estruturais para os serviços públicos em Portugal e noutros países, é estar a negociar com os outros grupos parlamentares as 77 emendas colocadas ao meu parecer em relação ao combate às desigualdades na Europa, ou é ficar sentada a olhar para o Sr. Juncker, sem ter tempo de palavra, sem fazer absolutamente nada a não ser olhar para ele? Não estamos aqui para prestar vassalagem, estamos aqui para trabalhar”, rematou Marisa Matias.

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