A lista de medidas recupera grande parte do Programa de Salónica, que é a base do programa económico que o Syriza apresentou a eleições. Estas são as principais medidas:
I – Política fiscal e orçamental
– Melhoria da coleta fiscal, combate à fraude através de meios eletrónicos.
– Revisão das taxas do IVA e dos benefícios fiscais para maximizar receitas sem ter impacto negativo na justiça social.
– Alargamento da definição de fraude e evasão fiscal, fim da imunidade fiscal.
– Revisão do Código Fiscal, eliminando benefícios e isenções, substituindo-os por medidas que reforcem a justiça social.
– Criação de uma base de dados da riqueza que permita à autoridade fiscal verificar a veracidade das declarações.
– Alterar a Lei Orgânica Orçamental para melhorar a gestão das finanças.
– Aumentar os mecanismos de controlo sobre a execução orçamental.
– Reforçar a independência, os poderes e os meios dos mecanismos de combate à fraude;
– Aumento das inspeções e auditorias.
– Revisão e controlo da despesa de cada área do governo, realocar recursos e aumentar drasticamente a eficiência da administração central e local.
– Identificar medidas de poupança, através de uma revisão de despesas não salariais em todos os organismos.
– Revisão da despesa com complementos salariais no setor público, validando-os com novos mecanismos de controlo para identificar beneficiários que não tenham direito a eles.
– Controlar a despesa com saúde e a qualidade dos serviços médicos, garantindo o acesso universal, em cooperação com instituições europeias e internacionais como a OCDE.
– Reformar a Segurança Social, procurando unificar os sistemas e eliminar os alçapões legais e os incentivos à reforma antecipada em alguns setores, como a banca e os serviços públicos.
– Aumentar os incentivos à declaração do trabalho pago, estabelecer uma melhor ligação entre as contribuições e os rendimentos;
– Criar mecanismos de apoio dirigido aos trabalhadores entre 50 e 65 anos, incluindo o Rendimento Básico Garantido, para eliminar a pressão social e política para as reformas antecipadas.
– Tornar a luta contra a corrupção na prioridade nacional.
– Combater o contrabando de tabaco e combustível e o branqueamento de capitais.
– Reduzir o peso da despesa dos gabinetes do governo, os benefícios de titulares de cargos políticos, os carros, ajudas de custo em viagens e outras.
– Alterar a lei de financiamento dos partidos para limitar as quantias que podem pedir emprestado a bancos e outras instituições.
– Assegurar que os media paguem pelas frequências que utilizam e que as suas contas são transparentes. Proibir o funcionamento dos grupos mediáticos que apresentam permanentes prejuízos e não sejam recapitalizados.
– Reforma da grelha salarial da Função Pública sem reduzir os níveis de salários e sem aumentar a despesa, tendo em conta os ganhos de produtividade.
– Melhorar os Mecanismos de contratação, incentivar as nomeações por mérito, estabelecer processos justos de mobilidade nos recursos humanos.
II Estabilidade Financeira
– Melhorar rapidamente a legislação para a cobrança de dívidas fiscais e à Segurança Social em atraso.
– Criar mecanismos de pagamento em prestações, discriminando entre quem não quer e quem não pode pagar
– Descriminalizar os devedores com baixos rendimentos
– Lidar com o incumprimento do crédito bancário, tendo em conta o funcionamento do sistema judicial, o estado do mercado imobiliário e a justiça social, bem como o impacto negativo para a receita fiscal.
– Colaborar com os bancos e instituições de forma a evitar os leilões de casas que servem de habitação própria a famílias abaixo de um determinado nível de rendimento.
– Criar medidas de apoio aos agregados mais vulneráveis que já não conseguem pagar a prestação da casa.
- Modernizar a lei das falências.
III Promover o Crescimento
– Quanto às privatizações o Governo compromete-se a não reverter os processos já lançados e concluídos
– Salvaguardar o fornecimento de mercadorias e serviços públicos básicos pelas empresas privatizadas, na linha do interesse nacional e de acordo com a legislação da UE.
– Rever os projetos de privatizações separadamente, com vista a maximizar os benefícios para o Estado no longo prazo, gerar receita, aumentar a competição, promover a recuperação económica e estimular o crescimento no longo prazo.
– Unificar as agências de gestão de bens públicos, atualmente espalhadas pela administração.
– Consultar os parceiros sociais, a OIT, a OCDE e outras instituições para conseguir as melhores práticas europeias ao nível da legislação laboral;
– Aumentar as qualificações dos desempregados de longa duração, desenvolver os programas de emprego temporário para desempregados.
– Introduzir uma nova abordagem à negociação salarial coletiva, incluindo a perspetiva de um aumento do salário mínimo de forma faseada.
– Remover barreiras à concorrência, de acordo com recomendações da OCDE.
– Reforçar a Autoridade para a Concorrência.
– Reduzir a burocracia, proibindo o Estado de requerer informações aos cidadãos e empresas que já estejam na posse do Estado.
– Reforma da gestão agrária, melhor organização do espaço e uso da terra, conclusão do Registo de Terras.
– Reformar e informatizar a administração judicial
- Garantir transparência e eficiência do instituto responsável pelas Estatísticas nacionais.
IV. Crise Humanitária
– Responder ao aumento da pobreza absoluta – acesso a alimentação, abrigo, saúde e energia – através de medidas não pecuniárias, como vales.
– Compatibilizar estas medidas com o combate à fraude e a reforma da administração, através da emissão de um Cartão do Cidadão que serve para identificação, acesso ao sistema de saúde e a programas de emergência social.
– Avaliar o programa piloto do Rendimento Mínimo Garantido tendo em vista o seu alargamento a todo o país.