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O porquê do ódio a Chávez

Um líder político deve ser valorizado por seus atos, não por rumores veiculados contra ele. Os candidatos fazem promessas para ser eleitos: poucos são aqueles que, uma vez no poder, cumprem tais promessas. Desde o início, a proposta eleitoral de Chávez foi muito clara: trabalhar em benefício dos pobres, ou seja – naquele momento – a maioria dos venezuelanos. E cumpriu sua palavra.
Por isso, este é o momento de recordar o que está verdadeiramente em jogo nesta eleição, agora que o povo venezuelano é convocado a votar. A Venezuela é um país muito rico, pelos fabulosos tesouros de seu subsolo, em particular o petróleo. Mas quase toda essa riqueza estava nas mãos da elite política e das empresas transnacionais. Até 1999, o povo só recebia migalhas. Os governos que se alternavam, social-democratas ou democrata-cristãos, corruptos e submetidos aos mercados, privatizavam indiscriminadamente. Mais da metade dos venezuelanos vivia abaixo da linha de pobreza (70,8% em 1996).
Chávez fez a vontade política prevalecer. Domesticou os mercados, deteve a ofensiva neoliberal e posteriormente, graças ao envolvimento popular, fez o Estado se reapropriar dos setores estratégicos da economia. Recuperou a soberania nacional. E com ela, avançou na redistribuição da riqueza, a favor dos serviços públicos e dos esquecidos. Políticas sociais, investimento público, nacionalizações, reforma agrária, quase pleno-emprego, salário mínimo, imperativos ecológicos, acesso à moradia, direito à saúde, à educação, à aposentadoria… Chávez também se dedicou à construção de um Estado moderno. Colocou em marcha uma ambiciosa política de planeamento do uso do território: estradas, ferrovias, portos, represas, gasodutos, oleodutos.
Na política externa, apostou na integração latino-americana e privilegiou os eixos sul-sul, ao mesmo tempo que impunha aos Estados Unidos uma relação baseada no respeito mútuo… O impulso da Venezuela desencadeou uma verdadeira onda de revoluções progressistas na América Latina, convertendo este continente em um exemplo de resistência das esquerdas frente aos estragos causados pelo neoliberalismo.
Tal furacão de mudanças inverteu as estruturas tradicionais do poder e trouxe a refundação de uma sociedade que até então havia sido hierárquica, vertical e elitista. Isso só podia desencadear o ódio das classes dominantes, convencidas de serem donas legítimas do país. São essas classes burguesas que, com seus amigos protetores e Washington, vivem financiando as grandes campanhas de difamação contra Chávez. Até chegaram a organizar – junto com os grandes meios de comunicação lhes que pertencem – um golpe de Estado, em 11 de abril de 2002.
Estas campanhas continuam hoje em dia e certos setores políticos e mediáticos encarregam-se de fazer coro com elas. Assumindo – lamentavelmente – a repetição de pontos de vista como se demonstrasse que estão corretos, as mentes simples acabam por acreditar que Hugo Chávez está a implantar um “regime ditatorial no qual não há liberdade de expressão”.
Mas os factos são teimosos. Alguém viu um “regime ditatorial” estender os limites da democracia em vez de restringi-los? E conceder o direito de voto a milhões de pessoas até então excluídas? As eleições na Venezuela só aconteciam a cada quatro anos, Chávez organizou mais de uma por ano (catorze, em treze anos), em condições de legalidade democrática, reconhecidas pela ONU, pela União Europeia, pela OEA, pelo Centro Carter, etc. Chávez demonstrou que é possível construir o socialismo em liberdade e democracia. E ainda converte esse caráter democrático numa condição para o processo de transformação social. Chávez provou o seu respeito à vontade do povo, abandonando uma reforma constitucional rejeitada pelos eleitores em um referendo em 2007. Não é por acaso que a Fundação para o Avanço Democrático [Foundation for Democratic Advancement] (FDA), do Canadá, num estudo publicado em 2011, colocou a Venezuela em primeiro lugar na lista dos países que respeitam a justiça eleitoral.
O governo de Hugo Chávez dedica 43,2% do orçamento a políticas sociais. Resultado: a taxa de mortalidade infantil caiu pela metade. O analfabetismo foi erradicado. O número de professores, multiplicado por cinco (de 65 mil a 350 mil). O país apresenta o maior coeficiente de Gini (que mede a desigualdade) da América Latina. Num relatório de janeiro de 2012, a Comissão Económica para América Latina e Caribe (Cepal, uma agência da ONU) estabelece que a Venezuela é o país sul americano que alcançou (junto com o Equador), entre 1996 e 2010, a maior redução da taxa de pobreza. Finalmente, o instituto norte americano de pesquisa Gallup coloca o país de Hugo Chávez como a sexta nação “mais feliz do mundo”.
O mais escandaloso, na atual campanha difamatória, é a pretensão de que a liberdade de expressão esteja restrita na Venezuela. A verdade é que o setor privado, contrário a Chávez, controla amplamente os meios de comunicação. Qualquer um pode comprovar isso. De 111 canais de televisão, 61 são privados, 37 comunitários e 13 públicos. Com a particularidade de que a parte da audiência dos canais públicos não passa de 5,4%, enquanto a dos canais privados supera 61%… O mesmo cenário repete-se nos meios radiofónicos. E 80% da imprensa escrita está nas mãos da oposição, sendo que os jornais diários mais influentes – El Universal e El Nacional – são abertamente contrários ao governo.
Nada é perfeito, naturalmente, na Venezuela bolivariana – e onde existe um regime perfeito? Mas nada justifica essas campanhas de mentiras e ódio. A nova Venezuela é a ponta da lança da onda democrática que, na América Latina, varreu os regimes oligárquicos de nove países, logo depois da queda do Muro de Berlim, quando alguns previram o “fim da história” e o “choque de civilizações” como únicos horizontes para a humanidade.
A Venezuela bolivariana é uma fonte de inspiração da qual nos nutrimos, sem fechar os olhos e sem inocência. Com orgulho, no entanto, de estar do lado bom da barricada e de reservar os nossos ataques ao poder imperial dos Estados Unidos, aos seus aliados do Oriente Médio, tão firmemente protegidos, e a qualquer situação onde reinem o dinheiro e os privilégios. Por que Chávez desperta tanto rancor em seus adversários? Sem dúvida, porque, assim como fez Bolívar, soube emancipar o seu povo da resignação. E abrir o apetite pelo impossível.
Tradução: Daniela Frabasile.
Comentários
Os líderes mais difamados do
Os líderes mais difamados do mundo são os da Coreia do Norte, depois o Fidel Castro e só depois vem Chávez, mas eu acredito que são todos líderes justos e sociais.
Para mim o é o melhor lider
Para mim o é o melhor lider mundial...
Para nós!!! Um exemplo de
Para nós!!!
Um exemplo de vida e de persistência. Lealdade para com um povo, o seu povo.
PASSOS E Cª, os bons exemplos são para ser seguidos!!!!!!
Hasta siempre, camarada.
Hasta siempre, camarada.
Excelente artigo. Adorei a
Excelente artigo. Adorei a exposição de todos os factos a provarem que a demonização de Chavéz é ilógica. Viva a Revolução.
Ver um site chamado
Ver um site chamado Esquerda.net a ceder, servilmente, a um projecto político colonialista e abjecto como o Abortográfico é uma dor de alma. Senhores, cabe a um Governo legislar sobre a língua como cabe dispor sobre o ar que respiramos, ou a cor de camisa que usamos, ou os livros que lemos. Escrever "atos" e "setores" não é moderno — é subserviente e, pior, muito triste.
Há sempre muitas formas de
Há sempre muitas formas de olhar para o mesmo assunto, acho que é difícil avaliar Chavez e a sua historia, o que o levou ao poder, sem se ter vivido na Venezuela. Eu vivi lá, fui educado lá, aprendi a admirar Bolivar e a sua gesta e posso dizer que até partilho alguns dos ideais que guiaram Hugo Chavez ao logo dos anos que governou o país… mas para avaliar alguém é sempre necessário avaliar os prós e contras, acho que os prós estão bem expressos no post.. mas há outra parte… É neste momento a Venezuela uma sociedade mais justa que do que era antes do Chavez?.. tenho algumas duvidas, há menos pobreza, tenho algumas dúvidas, há menos corrupção?.. tenho a certeza que há mais, há mais segurança?, não há duvida nenhuma que há muito menos segurança.
No último ano a média de assassinatos em cada fim de semana foi superior a 100, sim, em cada fim de semana morrem mais de 100 pessoas vitimas da criminalidade comum, é uma autêntica guerra civil permanente e não declarada.
Todos os dias entram muitos milhões de dólares no país e só uma muito pequena parte chega à economia real, ninguém sabe muito bem onde vai parar o dinheiro, este perde-se no meio dos meandros do poder e da corrupção. Chavez teve 15 anos para resolver este que é o verdadeiro e principal problema do país, quanto a mim falhou completamente, porque ao invés de diminuir, a corrupção aumentou durante os seus governos.
Além disto, agora que não há Chavez, a Venezuela está órfã de uma classe politica que seja capaz já seja de continuar as suas politicas ou de ser uma alternativa verdadeira e credível.
Jorge Soares
http://oqueeojantar.blogs.sapo.pt/472246.html
Porque nao referem a
Porque nao referem a desvalorizaçao brutal do Bolívar??? Isso nao é fazer empobrecer a populaçao??
Só quem não conhece a
Só quem não conhece a realidade e não viveu no país pode escrever tal artigo.
Só para contrapor as eleições antes do Chávez eram a cada 5 anos e não 4. Não eram 6 como agora e não eram reelegíveis ad eternum, como instaurou o Chávez.
Outro erro do artigo é que diz que a exploração do petróleo era feita por transnacionais. Na Venezuela a exploração de petróleo foi nacionalizada em 1976. Data a partir da qual só a companhia estatal PDVSA podia explorar petróleo. Foi Chávez quem recomeçou a reabertura de concessões para explorar petróleo no território.
Só quem não viveu num país no que se tem medo de sair à rua por não se saber se vai regressar vivo a casa. Em 2012 morreram mais de 21000 pessoas vítimas da criminalidade (http://www.bbc.co.uk/mundo/ultimas_noticias/2012/12/121227_ultnot_cifras...), mais do que em qualquer guerra ou conflito armado recente (http://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/08/numero-de-civis-feridos-ou-mor...).
Atualmente na Venezuela falta a luz 5 a 6h/dias. Quando Chávez chegou ao poder não acontecia, a Venezuela tinha uma das maiores barragens hidrelétricas do mundo (Guri) e inclusive vendia eletricidade a países vizinhos, por falta de manutenção está parada.
As estradas estão atualmente intransitáveis por estarem completamente esburacadas, num dos principais produtores mundiais de petróleo.
Se for a um hospital muitas vezes tem que ir à farmácia comprar os medicamentos e se for preciso também as compressas e seringas para efetuar os tratamentos.
Para comprar qualquer bem essência atualmente têm que se fazer filas de horas.
Quando Chávez chegou ao poder o barril de petróleo custava +/- 12 dólares. Com a guerra do golfo esteve em valores próximos dos 150$ e atualmente está a +/-115$. Por tanto um aumento brutal da receita. A Venezuela produzia 1,5 milhões de barris/dia. Número que se mantém, mas ninguém sabe para onde foi e para onde continuam a ir estes milhões de dólares/dia a mais.
Tudo foi mau? não. Mas longe o mar de rosas que o artigo pretende transmitir...
Desculpem-me a pergunta, mas
Desculpem-me a pergunta, mas a (os) autores deste artigo fazem sequer a minima ideia do que é viver na Venezuela de Chávez?? Repito, têm uma pequena ideia que seja???
Já viveram lá? Conhecem alguém que lá viva? ou limitaram-se a traduzir panfletos de propaganda de Chávez??
Sabem o que é ter medo de forma permanente??
Medo da violência, medo que o governo se aproprie do que é seu só porque lhe apetece ou poruqe segundo o governo a sua família é amiga desse monstro que são os EUA. Sabem o que é ter medo de abrir a boca em qualquer lugar a exprimir a sua não concordância do governo??
Realmente se o BE aprova isto tudo que se passa na Venezuela, acabou de me dar mais uma excelente razão para nunca, mas nunca votar em quem não sabe minimamente respeitar a liberdade!!!!
O Cristiano Moura está a
O Cristiano Moura está a fantasiar em que alçapão? As suas observações são absurdas e desorientadas. É patético o seu histerismo patológico. Qual Privatizações ou pânico de privatizações. Qualquer venezuelano da Classe alta deveria rir que nem doido da sua imaginação. As privatizações - absolutamente exemplares de Chávez e recomendáveis ao resto do mundo - foram uma excepcional medida de travar, isso sim, a maldade empresarial que fechava por pura vingança empresas, para as deslocalizar, colocando sob o jugo da chantagem os seus trabalhadores. Só um parolo que não investiga os factos é que vai nas ladaínhas das letras garrafais de Jornais medíocres. Quanto ao resto dos seus Pãnico parolos: estamos em marés de emigração: dos 500 000 portugueses que residem na Venezuela não está nenhum a regressar. Deveria ir para lá e viver, por certo clarificava as paranóias. Vá, compre o bilhete de avião. Não seja burro a viver num pesadelo quando pode ganhar inteligência vivendo num lugar em que a Justiça social é prioridade. Ah! Esquecia-me, gosta de lacaios e ser lacaio. Pois, tenho pena de si.
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