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O plano secreto da Alemanha para o Brexit

Wolfgang Schäuble já tem planos para a criação de uma “Nova União Europeia”. O ministro das Finanças alemão quer, nomeadamente, impor o poder de veto sobre orçamentos nacionais que violem regras e monitorização das políticas por entidades independentes.

Um documento interno do Ministério das Finanças, citado pelo jornal económico alemão Handesblatt, divulga os planos de Schäuble para a criação de uma “Nova União Europeia”. O poder de veto sobre orçamentos nacionais que violem regras e a monitorização de todas as políticas orçamentais implementadas por cada Estado-Membro por entidades independentes constam entre as medidas avançadas.

Segundo o Handelsblatt, a Alemanha pretende fazer do caso britânico um exemplo para desencorajar outros países, como a França. O jornal económico sublinha que a Alemanha irá recusar qualquer aprofundamento da zona do euro, e que não quer ouvir falar de mais solidariedade financeira.

No plano secreto de oito páginas a que o diário alemão teve acesso, prevê-se propor a Londres “negociações construtivas" com vista a chegar a um "Acordo de Associação". Schäuble pretende atribuir aos britânicos um estatuto especial que permitirá o acesso limitado ao mercado único europeu, sem que Londres possa, por si só, definir o seu acesso.

"A extensão e magnitude do efeito de imitação será proporcional ao tratamento do Reino Unido", assinala o texto, que identifica quais os países que poderiam, à partida, querer seguir o exemplo do Reino Unido: França, Áustria, Finlândia, Holanda e Hungria.

O Handelsblatt refere ainda que o texto revela a posição alemã sobre a futura reforma da UE, assinalando que o Ministério das Finanças alerta para o perigo de a França e Itália reivindicarem, na sequência do Brexit, “mais solidariedade", por exemplo através da criação de uma garantia conjunta dos depósitos ao nível da zona euro. Os alemães destacam que isso levaria a uma maior "socialização da dívida" na zona euro e que a medida seria rejeitada pela opinião pública na Europa do Norte.

Como condição para uma maior integração da zona euro, Berlin impõe uma alteração dos tratados para "fortalecer o controlo sobre a política económica e financeira", colocando sob supervisão europeia os orçamentos nacionais.

Refira-se que, nos últimos anos, têm vindo a ser aprovadas inúmeras medidas que reforçam o poder da Comissão Europeia no que respeita à sua ingerência nas políticas económicas dos Estados-Membros. Os países em dificuldade na Zona Euro estão sujeitos a supervisão reforçada das suas políticas económicas e, inclusive, está prevista a sujeição dos orçamentos nacionais ao visto prévio da Comissão Europeia, o que abre caminho à austeridade permanente.

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