O novo vice presidente dos EUA esteve 12 anos no Congresso norte-americano e é, desde 2013, governador do Estado do Indiana. Durante o período em que esteve em Washington, foi líder do Republican Study Group, próximo do Tea Party.
A homossexualidade deve ser curada
Defensor dos “valores tradicionais da família”, Mike Pence é um fervoroso adepto da terapia de reorientação sexual. No seu site de campanha para as eleições de 2000, o vice presidente dos EUA escreve: “devem ser afetos recursos àquelas instituições que dão assistência a quem procura alterar o seu comportamento sexual”.
Nesse mesmo site, Pence defende que “o Congresso deve opor-se a qualquer esforço no sentido de equiparar as relações lésbicas e homossexuais ao estatuto legal do casamento heterossexual” e de “reconhecer os homossexuais como uma ‘minoria discreta e insular’ com direito à proteção de leis anti discriminação similares às aplicadas às mulheres e minorias étnicas”.
Em 2003, o agora número dois da Casa Branca assinou o Federal Marriage Amendment, que definia oficialmente o casamento como sendo uma união entre um homem e uma mulher.
Quatro anos depois, Mike Pence votou contra o Employment Non-Discrimination Act. No seu discurso, argumentou que “estendendo o alcance da lei federal para abranger a orientação sexual, as proteções contra a discriminação no emprego podem, de facto, travar o livre exercício da religião no local de trabalho".
Em 2010, Pence opôs-se à revogação de uma medida que proibia os militares LGBTQ de falar sobre a sua orientação sexual ou de envolver-se em qualquer atividade sexual: “Como um conservador, eu tenho uma visão particular do mundo sobre questões morais", afirmou.
Numa entrevista à CNN, defendeu ainda que “não devemos usar o exército americano como pano de fundo para a experimentação social".
O agora vice presidente dos EUA opôs-se também à medida implementada por Obama que permite que os alunos e alunas das escolas públicas possam utilizar a casa de banho correspondente à sua identidade de género, e não ao género que lhes foi atribuído aquando do seu nascimento.
O ataque aos direitos das mulheres
“Anseio pelo dia em que o Roe v Wade [nome do caso judicial pelo qual o Supremo Tribunal dos Estados Unidos reconheceu o direito à interrupção voluntária da gravidez] seja remetido às cinzas da história”, afirmou Pence em 2011.
Em 2007, o número dois de Trump na Casa Branca apresentou um projeto de lei com vista a eliminar o financiamento do Planeamento Familiar, projeto este que veio a ser aprovado em 2011.
"Se o Planeamento Familiar quer continuar a prestar serviços de aconselhamento e testes de HIV, não deve estar no negócio dos abortos", disse Pence em 2011.
Após o Planeamento Familiar ter sido encerrado no Indiana, o Condado de County registou um aumento significativo de casos de HIV. Segundo o Chicago Tribune, em 2015, foram assinalados 150 novos casos, numa comunidade de apenas 23 mil pessoas.
Em 2002, Pence afirmou, em declarações à CNN, que o preservativo não é eficaz no combate às doenças sexualmente transmissíveis.
No seu currículo, o vice de Donald Trump conta ainda com o seu voto contra o Lilly Ledbetter Fair Pay Act, que visa proteger as mulheres e as minorias da discriminação salarial, bem como votou contra o aumento do salário mínimo.
A hostilidade aos imigrantes
Em 2009, Pence foi autor de uma proposta que visava impedir as crianças de imigrantes ilegais de obter cidadania americana.
Já em 2015, tentou impedir a entrada e o apoio aos refugiados sírios no Estado do Indiana, tendo sido travado por uma juíza federal, que considerou a medida inconstitucional.
Confrontado pela CNN com as declarações de Hillary Clinton sobre o líder do Ku Klux Klan, o vice dos EUA recusou-se a classificá-lo como “deplorável”.
Combate a violações nas prisões não é prioritário
Em 2014, Pence escreveu uma carta ao Procurador-Geral Eric Holder explicando por que razão o seu Estado não estava a aplicar, propositadamente, a Prison Rape Elimination Act, aprovada por um Congresso Republicano e assinada por George W. Bush em 2003, e ultimada pela administração Obama em 2012.
Aplicar a lei contra as violações nas prisões iria “aumentar a exposição de Indiana a litigações e responsabilidades”, argumenta, acrescentando que “seria necessário contratar mais funcionários, instalar mais equipamento, reunir mais recursos”. “Isso exigiria um redireccionamento de milhões de dólares de impostos que atualmente suportam outras necessidades críticas para o Indiana", acrescenta.