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Novo recorde do preço da eletricidade em apenas cinco dias

Entre 1 e 6 de outubro, o mercado grossista registou novos recordes do megawatt hora, estando agora nos 228,59€. Investigador explica as causas desta subida. 
O investigador Miguel Heleno explica que as causas desta subida têm razões conjunturais e estruturais.
O investigador Miguel Heleno explica que as causas desta subida têm razões conjunturais e estruturais. Foto de Amol Mande via Flickr.

O patamar mínimo dos 200 euros por megawatt hora parece ser a nova realidade do mercado energético, com os preços a atingirem um novo máximo histórico de 228,59 €/MWh esta quarta-feira, 6 de outubro. Até ao momento, o valor máximo já registado no mercado grossista de eletricidade tinha sido os 216,01€/MWh, observados no dia 1 de outubro.

Não tendo o mercado grossista um impacto imediato na fatura do consumidor, é esperado que nos próximos seis meses esta subida se reflita nos preços comercializados pelos fornecedores no mercado não regulado.

No mercado regulado, a subida não deverá ser tão acentuada. No entanto, a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) determinou uma subida de 1,05 euros por mês para a maioria dos consumidores em mercado regulado com efeitos desde o passado dia 1 de outubro.

O investigador Miguel Heleno explica que as causas desta subida têm razões conjunturais, provocadas pela quebra de produção de gás natural após a crise pandémica seguida por aumento acentuado de consumo no último inverno, mas também causas estruturais, decorrentes do próprio método de cálculo do preço de eletricidade.

“Seria de esperar que, num momento de crise do preço do gás natural, as renováveis fossem uma proteção contra a escalada do mercado grossista. Contudo, a forma como o mercado de eletricidade está organizado não permite que as renováveis cumpram plenamente esse papel”, escreve.

No mercado diário de eletricidade, “o que dita o preço é a última central a ser despachada. Isto significa que, em algumas horas do dia, quando há sol e vento, são tipicamente as barragens as últimas a ser despachadas, o que faz com que todos paguemos o preço da eletricidade ao custo da produção hidroelétrica”.

“Porém, noutras horas do dia, se for necessário que alguma central de ciclo combinado entre no sistema, toda a eletricidade é paga ao preço do gás natural. Isto é válido mesmo que haja 95% de produção renovável barata e só 5% de gás natural caro no sistema: é o combustível fóssil que dita o preço da energia”, explica o investigador.

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