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Novo comissário do Ambiente é acionista de duas petrolíferas

Ambientalistas e eurodeputados exigem que Miguel Arias Cañete resolva o evidente conflito de interesses entre o novo cargo em Bruxelas e as ligações à indústria do petróleo.
Miguel Arias Cañete. Foto Governo de Espanha

O cabeça de lista do PP espanhol nas últimas eleições para o Parlamento Europeu terá a seu cargo as pastas do Ambiente e Energia na Comissão Juncker e a nomeação está a provocar reações de indignação nos meios ecologistas. Também no Parlamento Europeu, onde terá de obter luz verde para a entrada na Comissão, surgem as vozes a sublinhar o conflito de interesses do comissário espanhol.

Enquanto deputado em Madrid, Arias Cañete acumulou o cargo com o de presidente da Petrolífera Ducar SL e da Petrologis Canarias SL até dezembro de 2012, altura em que deixou os cargos para se tornar ministro do Ambiente do Governo de Mariano Rajoy,  mantendo no entanto uma participação acionista de 2,5% em cada uma das empresas petrolíferas que presidiu.

Enquanto deputado em Madrid, Arias Cañete acumulou o cargo com o de presidente da Petrolífera Ducar SL e da Petrologis Canarias SL até dezembro de 2012, altura em que deixou os cargos para se tornar ministro do Ambiente do Governo de Mariano Rajoy,  mantendo no entanto uma participação acionista de 2,5% em cada uma das empresas petrolíferas que presidiu.

O conflito de interesses enquanto deputado e homem do petróleo já era público, embora Cañete sempre tenha argumentado que essas empresas não tinham relações com o Estado. Mas no Congresso de Deputados, quando estava na oposição, o novo comissário interessou-se pelas políticas do setor onde exercia atividade empresarial, através de requerimentos e perguntas ao Governo de Zapatero sobre a política energética espanhola. E houve concessões públicas à empresa de Cañete para fornecimento de combustíveis em Ceuta, num contrato que vigora desde 2008 e que se prolonga até 2020.

Para a Greenpeace, “Cañete é uma escolha surpreendente, dadas as suas ligações à indústria do petróleo”. Mahi Sideridou, dirigente europeu da organização ambientalista, disse à agência Bloomberg que “para provar que é o homem certo para o lugar, terá de resolver os conflitos de interesse e melhorar o registo ambiental que teve enquanto ministro”.

A próxima tarefa do comissário espanhol será convencer os eurodeputados de que a sua posição acionista nas petrolíferas não traz problemas ao mandato de comissário do Ambiente e Energia. Para a eurodeputada do SPD Jo Leinen, “não há garantias” da confirmação de Cañete em Estrasburgo, havendo a possibilidade do seu nome ser “devolvido” a Juncker, uma vez que “o Parlamento já recusou vários candidatos no passado e por isso não há garantia de que ele sairá de lá como comissário”.

“Um comissário tem de ser independente de interesses particulares e creio que é obrigatório que ele deixe de ser acionista de petrolíferas, se quiser cumprir as suas funções no cargo livre de qualquer conflito de interesses”, acrescentou a eurodeputada em declarações ao Guardian.

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