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Nova associação ambientalista defende zero emissões

Em dezembro de 2015 nasceu a ZERO - Associação Sistema Terrestre Sustentável, a partir de uma cisão da Quercus. O esquerda.net entrevistou Francisco Ferreira, presidente da nova associação.
Logotipo da nova associação ambientalista.

No final de 2015 nasceu uma nova associação ambientalista em Portugal. Chama-se ZERO - Associação Sistema Terrestre Sustentável e tem como objetivo a apresentação de propostas sustentáveis e concretas, com alcance a longo prazo.

A associação elegeu no sábado passado os seus primeiros órgãos sociais. Entre os cem sócios fundadores estão cinco ex-presidentes da Quercus, Francisco Ferreira, Susana Fonseca, José Paulo Martins, Hélder Spínola e o histórico fundador Viriato Soromenho-Marques. Além deles, fazem também parte do grupo, entre outros, Luísa Schmidt, investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e João Gabriel Silva, reitor da Universidade de Coimbra.

O esquerda.net falou sobre a nova associação com o recém eleito presidente, Francisco Ferreira, professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, investigador e especialista em energia e alterações climáticas.

O que é a ZERO?

A ZERO é uma organização não governamental (ONG) de ambiente. Escolhemos esse nome porque traduz a utopia de conseguirmos ter zero perda de biodiversidade, zero desperdício, zero resíduos, zero emissões poluentes, um balanço zero nas emissões de gases com efeito estufa causadores das alterações climáticas.

O nome completo é da ONG é ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável. Temos um planeta que está a ultrapassar os limites dos recursos renováveis em 80%. A ZERO procura discutir as estratégias para Portugal, para a Europa e, no limite, para o mundo, para termos um sistema terrestre (o planeta Terra) sustentável.

É um desafio que nos deve envolver a todos e é esse o nosso principal objetivo. De formar credível, estudada, pensada, discutida, partilhada, decidirmos quais as propostas que a sociedade, os decisores e os políticos devem assumir para um planeta sustentável.

Muitos dos fundadores da ZERO pertenciam à Quercus, e alguns vão-se manter como sócios dessa associação; quais foram as razões que vos levaram a querer criar uma nova associação ambientalista?

Há uma razão, que não foi fundamental, mas que não deixa de ser importante, que é que a Quercus tem uma direção já há quase um ano, com a qual muitas das pessoas que agora integram a ZERO não se estavam a rever, em termos de estratégia e de funcionamento interno.

Mas a principal razão é outra e é mais antiga. Relaciona-se precisamente com esta necessidade de, em vez de termos uma abordagem muito focalizada no ambiente, conseguirmos também olhar para as componentes sociais e económicas do desenvolvimento.

E para termos uma intervenção mais nacional do que uma intervenção à escala local. A escala local é muito importante, para depois dar exemplos de estratégias nacionais.

Em relação a algumas das outras ONGs, nomeadamente a própria Quercus, a ZERO é, acima de tudo, complementar, ao pretender ter uma visão para o país a longo prazo. Para 2030 ou 2050. Esse tipo de reflexão e de discussão não estava, realmente, em cima da mesa na Quercus, nem noutras associações.

Qual será o âmbito de ação concreta da ZERO, quais serão as primeiras iniciativas da organização, e que iniciativas prevêem ter a longo prazo?

Ao longo das próximas semanas vamos estar a discutir esta visão de sustentabilidade para o futuro a longo prazo. Vamos discutir quais são os grandes objetivos para as próximas décadas. Por exemplo, a nível do emprego, saúde, educação, preservação dos ecossistemas terrestres, da gestão dos recursos hídricos, etc. Tudo isso são componentes fundamentais desse documento que pretendemos fazer.

Ao mesmo tempo, não nos queremos desligar da realidade. Estão a ter lugar debates e consultas públicas fundamentais em que esperamos que a nossa opinião seja válida e integrada. Por exemplo, no Orçamento do Estado, ou na análise dos planos de bacia hidrográfica (absolutamente fundamentais na gestão dos nossos recursos hídricos). Vamos também olhar para os problemas de conservação da natureza, em termos de estratégia, de conservação de espécies, de ameaças.

Mas somos uma direção com poucos dias! Quisemos começar por esta estratégia mais alargada e visionária e depois, no dia a dia, vamos acompanhando aquilo que foi decidido em assembleia e que está ainda a ser discutido pelos associados, nas várias áreas temáticas de intervenção. Estas áreas temáticas são, por exemplo, o ordenamento do território, dos solos, as alterações climáticas, energia, mobilidade, água e oceanos, biodiversidade, agricultura e florestas, e o ênfase está sempre na construção de sociedades sustentáveis, é esse o grande objetivo da associação.

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