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Nova associação ambientalista defende zero emissões
No final de 2015 nasceu uma nova associação ambientalista em Portugal. Chama-se ZERO - Associação Sistema Terrestre Sustentável e tem como objetivo a apresentação de propostas sustentáveis e concretas, com alcance a longo prazo.
A associação elegeu no sábado passado os seus primeiros órgãos sociais. Entre os cem sócios fundadores estão cinco ex-presidentes da Quercus, Francisco Ferreira, Susana Fonseca, José Paulo Martins, Hélder Spínola e o histórico fundador Viriato Soromenho-Marques. Além deles, fazem também parte do grupo, entre outros, Luísa Schmidt, investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e João Gabriel Silva, reitor da Universidade de Coimbra.
O esquerda.net falou sobre a nova associação com o recém eleito presidente, Francisco Ferreira, professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, investigador e especialista em energia e alterações climáticas.
O que é a ZERO?
A ZERO é uma organização não governamental (ONG) de ambiente. Escolhemos esse nome porque traduz a utopia de conseguirmos ter zero perda de biodiversidade, zero desperdício, zero resíduos, zero emissões poluentes, um balanço zero nas emissões de gases com efeito estufa causadores das alterações climáticas.
O nome completo é da ONG é ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável. Temos um planeta que está a ultrapassar os limites dos recursos renováveis em 80%. A ZERO procura discutir as estratégias para Portugal, para a Europa e, no limite, para o mundo, para termos um sistema terrestre (o planeta Terra) sustentável.
É um desafio que nos deve envolver a todos e é esse o nosso principal objetivo. De formar credível, estudada, pensada, discutida, partilhada, decidirmos quais as propostas que a sociedade, os decisores e os políticos devem assumir para um planeta sustentável.
Muitos dos fundadores da ZERO pertenciam à Quercus, e alguns vão-se manter como sócios dessa associação; quais foram as razões que vos levaram a querer criar uma nova associação ambientalista?
Há uma razão, que não foi fundamental, mas que não deixa de ser importante, que é que a Quercus tem uma direção já há quase um ano, com a qual muitas das pessoas que agora integram a ZERO não se estavam a rever, em termos de estratégia e de funcionamento interno.
Mas a principal razão é outra e é mais antiga. Relaciona-se precisamente com esta necessidade de, em vez de termos uma abordagem muito focalizada no ambiente, conseguirmos também olhar para as componentes sociais e económicas do desenvolvimento.
E para termos uma intervenção mais nacional do que uma intervenção à escala local. A escala local é muito importante, para depois dar exemplos de estratégias nacionais.
Em relação a algumas das outras ONGs, nomeadamente a própria Quercus, a ZERO é, acima de tudo, complementar, ao pretender ter uma visão para o país a longo prazo. Para 2030 ou 2050. Esse tipo de reflexão e de discussão não estava, realmente, em cima da mesa na Quercus, nem noutras associações.
Qual será o âmbito de ação concreta da ZERO, quais serão as primeiras iniciativas da organização, e que iniciativas prevêem ter a longo prazo?
Ao longo das próximas semanas vamos estar a discutir esta visão de sustentabilidade para o futuro a longo prazo. Vamos discutir quais são os grandes objetivos para as próximas décadas. Por exemplo, a nível do emprego, saúde, educação, preservação dos ecossistemas terrestres, da gestão dos recursos hídricos, etc. Tudo isso são componentes fundamentais desse documento que pretendemos fazer.
Ao mesmo tempo, não nos queremos desligar da realidade. Estão a ter lugar debates e consultas públicas fundamentais em que esperamos que a nossa opinião seja válida e integrada. Por exemplo, no Orçamento do Estado, ou na análise dos planos de bacia hidrográfica (absolutamente fundamentais na gestão dos nossos recursos hídricos). Vamos também olhar para os problemas de conservação da natureza, em termos de estratégia, de conservação de espécies, de ameaças.
Mas somos uma direção com poucos dias! Quisemos começar por esta estratégia mais alargada e visionária e depois, no dia a dia, vamos acompanhando aquilo que foi decidido em assembleia e que está ainda a ser discutido pelos associados, nas várias áreas temáticas de intervenção. Estas áreas temáticas são, por exemplo, o ordenamento do território, dos solos, as alterações climáticas, energia, mobilidade, água e oceanos, biodiversidade, agricultura e florestas, e o ênfase está sempre na construção de sociedades sustentáveis, é esse o grande objetivo da associação.
Comentários
Sem solução
Mesmo a zero, já não deveria resolver o grave e dramático problema das alterações climáticas, mas com um pouco de sorte ainda poderia pelo menos prolongar o nosso fim. Mas como não é possível! Lá vamos nós direitinhos, mas também não quero ir para o céu, porque também deve estar todo porco de poluição, é melhor ir mesmo para o inferno, que é para purificar de vez a estrumeira que está entranhada no nosso corpo. Mas é lindo ver as meninas e os meninos sozinhos nos seu belos automóveis de alta cilindrada, confortavelmente sentados nos belos acentos de pele genuína, com o ar condicionado ligado e as janelas fechadas, claro, (é por causa da poluição!) a falar ao seu hifone de última geração, pois então! Isto da poluição não é para todos, pensam eles! Pois é, eu nem bicicleta tenho, que é para não estorvar os carros, prefiro os transportes públicos e sempre que possível de metro, que é o que uso para ir trabalhar.
Estou espantado com o Bloco
Concordo com a Zero e assino por baixo tudo o que o Prof. Francisco Ferreira defende sobre o anunciado aumento dos impostos sobre os combustíveis. O que já não se entende é a tácita cobertura política do Bloco ao aumento da diferença de taxação entre gasóleo e gasolina. O proletariado e a classe média assalariada já estão a pagar quase 30 cêntimos de imposto a mais em litro para a burguesia exploradora ter gasóleo mais barato e poluir mais. Se formos a qualquer antro da burguesia exploradora (casino, campo de golfe, etc.), só lá vemos MBs, BMWs, Audis e Cayennes, tudo de altíssima cilindrada e a diesel. Em contrapartida, em frente de uma escola básica, vemos uns Clios, Pandas e Twingos a gasolina. Portanto, se alguma vez existiu oportunidade para repor a justiça é agora, quando o custo do petróleo está em mínimos. Porquê então sacrificar ainda mais os portugueses de menores rendimentos que utilizam os carros económicos a gasolina?
Netmetering
Esta associação terá alguma influencia no parlamento?
Os Portugueses estão cansados de assistir ao que se assiste no roubo da energia, com as "rendas de energia"
Objetivo deveria ser NETMETERING. Para quando um jogo limpo?
O mal é termos pessoas no governo a defender interesses das grande empresas energéticas e não das pessoas ou do ambiente. Por isso nunca veremos legislação em Portugal no sentido do NETMETERING. A chance será aparecer uma imposição da EUROPA que coloque imposições em Portugal nesse sentido. Mas será que esta associação poderá fazer alguma coisa no sentido do Netmetering em Portugal?
Foi com algum espanto que vi
Foi com algum espanto que vi o apoio do BE a esta organização "Zero"
a "Zero" cujos estatutos parecem parecem os de uma organização iniciática.
Senão vejamos:
Têm 5 categorias de associados, mas só 4 têm direito a voto e 2 podem ser eleitas, mas todos pagam quotas claro (porque senão são expulsos).
O Conselho Geral delibera caso a caso a passagem de associados aderentes a efectivos, depois de preenchido um dos seguintes requisitos:
a) trabalho voluntário significativo, devidamente demonstrado, em benefício da Associação durante um período de pelo menos um ano;
b) pagamento de quotas durante um período ininterrupto de três anos.
Mas no topo, qual casta superior, existem os fundadores (onde Francisco Ferreira e os dissidentes mediáticos da Quercus se incluem) e que têm privilégios em relação à eleição para o conselho geral já que "Os membros de cada um dos órgãos da Associação, são eleitos em listas independentes em Assembleia Geral, com excepção dos Fundadores com assento no Conselho Geral que serão eleitos uninominalmente".
Depois há o peso dos votos de cada categoria que reforçam o poder dos fundadores.
"Associado Fundador – oito votos
Associado Efetivo – três votos.
Associado Aderente ou pessoa coletiva – um voto."
E veja-se a composição deste orgão e as suas competências.
"O Conselho Geral é constituído por vinte e um associados Fundadores ou Efectivos"
Têm assento por inerência neste órgão em representação da unidade da estrutura associativa:
a)seis associados Fundadores eleitos uninominalmente em Assembleia Geral;
b)cinco associados Fundadores ou Efectivos eleitos em lista em Assembleia Geral;
c) cinco associados Coordenadores Nacionais de áreas temáticas;
d) cinco associados Membros da Direcção.
Ou seja os "fundadores" têm sempre 11 elementos, num grupo de 21, naquele que é efectivamente, pelas suas competências, o orgão máximo da Zero.
Compete ao Conselho Geral:
a) Aprovar e acompanhar a execução do Programa de Actividades e Orçamento da Associação;
b) Emitir pareceres sobre qualquer questão relacionada com a execução do Programa, com carácter vinculativo;
c) Aprovar os regulamentos internos sob proposta da Direcção para submissão à Assembleia Geral;
d) Mediar e gerir conflitos, podendo neste contexto aplicar as medidas necessárias previstas em regulamento interno;
e) Aprovar a criação de Áreas Temáticas, sob proposta da Direcção.
Mas a Direcção fica com os ossos pois faz a gestão corrente e representa a Associação é representada ativa e passivamente, em juízo e fora dele, pelo Presidente da Direção ou nas suas faltas ou impedimentos, por um vice-presidente ou, finalmente, nas faltas ou impedimentos de ambos, por qualquer membro da Direção.
Se isto não são estatutos que só têm, como objectivo, perpetuar no poder os fundadores o que são então?
Duvidam?
Então vejam https://www.facebook.com/ZEROasts/app/137541772984354/
É que, com comportamentos destes, fica a dúvida se isto serve a causa do ambiente ou se isto se serve da causa do ambiente.
Será que o BE aceita isto como democrático?
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