Na intervenção de abertura desta sessão, o mandatário nacional da candidatura do Bloco às legislativas, Mário Tomé, falou da crise estrutural do capitalismo que lançou as bases para a criação de “uma rede financeira e política que vai integrar os extraordinários avanços científicos, a que chamarei de Leviatã tecnológico”. Corremos assim “um risco sério de termos um fascismo mundial tecnológico”, avisou.
“Mais progresso capitalista está a significar mais retrocesso social”, prosseguiu Mário Tomé, contrapondo a que “a crítica ao capital terá de ser a crítica ao próprio trabalho como instrumento fundamental do capital para a transformação do valor em mais-valia. O capital não produz valor, produz lucro”, afirmou.
Apoiando-se nas “duas coordenadas de Marx para o movimento socialista: a utopia e a revolução”, Tomé alertou também que “a esquerda não pode ter medo de si própria” nem “dar cobertura a acordos e alianças com base em políticas titubeantes” que não dão resposta aos problemas de quem trabalha.
“Corte do vencimento dos políticos está longe de ser o único corte por eliminar”
“Não podemos correr o risco de perdermos o horizonte de rutura com o capitalismo”, numa altura em que regressa a ameaça da guerra nuclear - “que é a grande chantagem (...) mas nenhuma potência se mete nela” - e em que “a nossa tarefa é transformar a emergência climática em insurgência climática”. É com um programa apoiado nesta base radical e no pensamento socialista que “ajudaremos a derrubar os muros e a dissipar o nevoeiro com que os ideólogos tentam desacreditar os nossos sonhos e impedir a sua concretização”.