Nobel da Paz distingue luta das mulheres pelos direitos humanos

07 de outubro 2011 - 16:18

Três mulheres dividem o Nobel da Paz de 2011: as liberianas Leymah Gbowee e Ellen Sirleaf, presidente do país, e a iemenita Tawakkul Karman, figura destacada da mobilização pela democracia, que já dedicou o prémio "a todos os activistas da Primavera Árabe".

PARTILHAR
Ellen Johnson Sirleaf, Leymah Gbowee e Tawakkul Karman - Nobel da Paz 2011

As três foram "recompensadas pela sua luta pacífica pela segurança das mulheres e de seus direitos de participar nos processos de paz", declarou, em Oslo, o presidente do comité Nobel norueguês, Thorbjoern Jagland.



Duas das premiadas são mulheres que marcaram a história recente da Libéria. Ellen Sirleaf tem 72 anos e em 2005 foi a primeira mulher eleita presidente da Libéria, derrotando na segunda volta o ex-futebolista George Weah, dois anos após o fim do conflito sangrento que fez 250 mil mortos e deixou o país destruído. Ellen anunciou recentemente a sua recandidatura em 2011, mas o seu apoio inicial a Charles Taylor - um dos "senhores da guerra" que pôs o país a ferro e fogo após o assassinato do ex-presidente Samuel Doe, e que se tornou depois ele próprio presidente da Libéria - tem-lhe valido muitas críticas da oposição.



A outra liberiana galardoada esta sexta-feira é Leymah Gbowee, também conhecida por "guerreira da paz". Ela teve um papel determinante na mobilização das mulheres pelo fim da guerra civil em 2002, ao convocar uma "greve de sexo" por parte das mulheres até ao fim dos combates. O movimento ganhou força e conquistou apoiantes de todas as religiões, vindo mesmo a ser incluído nas negociações de paz. "Leymah Gbowee mobilizou e organizou as mulheres além das linhas de divisão étnica e religiosa para pôr fim a uma longa guerra na Libéria e garantir a participação das mulheres nas eleições", acrescentou Jagland.



Quanto à terceira Nobel da Paz de 2011, a iemenita Tawakkul Karman, o presidente do Comité declarou que "tanto antes como durante a Primavera Árabe, ela teve um papel preponderante na luta a favor dos direitos das mulheres, da democracia e da paz no Iémen".



"Não esperava receber este prémio e nem sequer sabia que minha candidatura havia sido apresentada", disse Karman à televisão Al-Arabiya. "Trata-se de uma honra para todos os árabes, muçulmanos e mulheres. Eu dedico este prémio a todos os activistas da Primavera Árabe", declarou a jornalista Nobel da Paz na Praça da Mudança, na capital Sanaa.