A França Insubmissa anunciou na tarde desta segunda-feira que as negociações no interior da Nova Frente Popular para encontrar um novo primeiro-ministro. na sequência das últimas legislativas em que a coligação foi a força política mais votada, estavam “suspensas”.
Em comunicado, os insubmissos alertavam que se está perante um "bloqueio político" pelo qual o Partido Socialista é responsável. Este tem vindo a insistir em apresentar o seu secretário-geral, Olivier Faure, como candidato ao lugar e nos últimos dias inviabilizou a solução que merecia consenso das outras forças políticas personificada por Huguette Bello, atual presidente do Conselho Regional da Reunião que tinha sido proposta pelo Partido Comunista Francês. Um dos argumentos avançados é que o seu líder seria a "única candidatura aceitável" para Macron investir.
Depois da intransigência sobre o nome do seu líder, já esta segunda-feira, o próprio surpreendeu ao propor aos microfones da France Info, em nome do seu partido, uma "candidatura da sociedade civil". Do ponto de vista da LFI, a "improvisação de uma candidatura exterior” não resolve neste momento o impasse questionando-se no documento sobre que garantias seriam dadas nesse caso de implementação do programa da Nova Frente Popular.
A força com mais deputados no interior da coligação recorda ainda que já apresentou quatro nomes seus todos recusados pelo PS.
A suspensão da negociações não implica rutura e, sublinha-se, é urgente agora encontrar uma proposta única para a presidência da Assembleia Nacional. Os Insubmissos exigem uma candidatura única e dizem que até que isto seja resolvido não negociarão mais nada. Em causa estarão as verdadeiras intenções do PS. A LFI lembra que há deputados como Philippe Brun que apelam abertamente ao fim da NFP e ao juntar forças entre socialistas e macronistas.
Afirmam ainda que não voltarão às negociações "até que o Partido Socialista tenha renunciado a vetar qualquer candidatura que não seja a sua, tenha afirmada a sua recusa a qualquer tipo de acordo com o grupo macronista e tenha confirmado a sua vontade de aplicar o programa da Nova Frente Popular”.
À BFMTV, Manuel Bompard, coordenador da França Insubmissa responsabilizava o PS pela “situação de bloqueio devida à recusa permanente, incessante” deste do conjunto de propostas que são colocadas sobre a mesa”.
A resposta chegou algumas horas depois com o PS a anunciar em comunicado que tinha congregado PCF e Ecologistas na ideia de uma “candidatura comum saída da sociedade civil” para chefiar o próximo governo sem ficar claro de que candidato em particular se fala e que deverá ser “base para uma retomada imediata das negociações”.
Foi Faure quem tratou de comunicar esta solução na tentativa de virar o jogo. Diz agora que o PS “nunca teve vontade de um qualquer veto sistemático”, apesar de reconhecer “desacordo sobre uma candidatura”.
Até ao momento, nenhum dos outros dois grandes parceiros da coligação de esquerda elaboraram muito sobre a proposta do PS. Fabian Roussel, secretário-geral do PCF, divulgou no X o comunicado do seu partido que é basicamente um apelo à união de esquerda e um lembrete que a “nossa responsabilidade é imensa” e que “seria incompreensível que uma das forças deixe as discussões que temos tido desde há semanas”. A farpa aos insubmissos é acompanhada por outra ao PS quando se refere “incompreensão” igualmente sobre a recusa da candidatura de Huguette Bello.
Já a dirigente dos Ecologistas, Marine Tondelier, diz na mesma rede social que acredita que se vai chegar em breve a uma proposta para primeiro-ministro e presidente da Assembleia. Para ela, “não é momento de parar as negociações” até porque “nunca estivemos tão próximos do fim” e também diz que se deve “estar à altura” do acontecimento.