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“Não chega ficarmos comovidos com os incêndios de Verão”

No acampamento dos jovens bloquistas, Catarina Martins considerou que são precisas “mudanças estruturais no território” para prevenir incêndios. Sobre a lei das incompatibilidades, sublinhou a criação da “entidade da transparência” proposta pelo Bloco como um passo importante para efetivar a fiscalização.
Catarina Martins no acampamento Liberdade 2019.
Catarina Martins no acampamento Liberdade 2019. Foto de Paulo Cunha. Agência Lusa.

Estava previsto que a emergência climática fosse um dos temas quentes do acampamento Liberdade 2019, organizado pelos jovens do Bloco. O que não estava previsto é que o fogo chegasse quase às portas do parque de campismo de Martinchel onde terminam neste domingo cinco dias intensos de debates, encontro e festa, tornando o tema ainda mais diretamente presente.

Questionada sobre isso numa conferência de imprensa à margem do evento, Catarina Martins sublinhou a transversalidade do tema da emergência climática nos debates realizados e agradeceu a ação dos bombeiros, da GNR e de toda proteção civil pelo trabalho “exemplar”. Ao mesmo tempo, expressou ainda a sua solidariedade para com as populações que neste momento estão a ser vítimas dos incêndios.

Para a coordenadora do Bloco “não chega ficarmos comovidos com os incêndios no Verão e agradecermos o extraordinário e corajoso trabalho dos bombeiros e de toda a proteção civil” é preciso mais, nomeadamente “mudanças estruturais no país” que “passam seguramente também pelo ordenamento do território” e por mais investimento público para proteger o território das alterações climáticas.

Catarina Martins recordou que na legislatura que terminou “conseguimos travar a liberalização do eucalipto”, uma lei que vinha de Assunção Cristas, “mas ainda não começámos a reduzir a área de eucalipto em Portugal e ainda não começámos a ter um terreno florestal que seja mais seguro para todas as populações”. Por isso, assegurou, na próxima legislatura, “as alterações no território têm de ser efetivas” e o trabalho na floresta é uma “prioridade” naquele que é “um dos países da União Europeia com menos intervenção pública na floresta”. Isto significa que “deixámos a nossa floresta ao abandono.”

Governo tem de ser consequente com o parecer da Procuradoria Geral da República

Sobre a lei das incompatibilidades, Catarina Martins sublinhou que o Bloco contribui para a sua aprovação e que considera que “é bom que o regime de incompatibilidades seja o mais claro possível porque o que se exige numa democracia é a transparência”.

Mas o Bloco pensa que parte do problema tem sido que “temos legislação mas depois não temos nenhuma entidade que fiscalize o cumprimento dessa legislação”. Por isso, apresentou uma proposta, que foi aprovada, para a criação de uma “Entidade da Transparência”, que será um “passo importante” para “fiscalizar e agir sobre o cumprimento das incompatibilidades”.

E, a propósito da polémica sobre os contratos de familiares de governantes com o Estado, a dirigente do Bloco registou que o governo pediu um parecer à Procuradoria Geral da República e, assim, espera “que o governo atue de forma consequente com este parecer”.

Greve dos camionistas de matérias perigosas: foi criada uma expetativa que as entidades patronais não estão a cumprir

A coordenadora do Bloco também se pronunciou sobre outro dos temas na ordem do dia: a greve dos camionistas de matérias perigosas. Sobre esta realçou que foi “criada uma expetativa que entidades patronais não estão a cumprir”. Isto “num setor em que o salário base é baixo face às exigências da profissão”.

Uma vez que o “pré-acordo não estará a ser cumprido”, os trabalhadores “estarão a lutar pelo que consideram justo”. Por isso, Catarina Martins apelou a que haja “vontade de chegar a um entendimento” com compromissos sérios para que se possa ultrapassar o conflito. E avançou que “

não deve haver nenhum alarmismo” até porque “os sindicatos já disseram que iam cumprir os serviços mínimos que foram decretados”.

Auto-organização, liberdade, criação

Catarina Martins não deixou ainda de lembrar o que significa o espaço do acampamento do jovens do Bloco: uma “experiência de auto-organização” que “é muito importante”. Um momento em que “as pessoas mais jovens do partido têm toda a liberdade e toda a responsabilidade para organizar um espaço de reflexão, de debate político, de criação de projeto”. E são eles o motor de um conjunto de debates pensados “um partido que se quer mais forte, que possa conquistar maiorias sociais. Em nome de um país com mais igualdade, mais justo”.

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