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Myanmar: Parlamento reúne-se após 22 anos

Novo parlamento birmanês tem maioria de deputados ligados ao regime, e é continuidade da farsa que os militares iniciaram com as eleições de Novembro de 2010.
Foto de Jan van Raay, FlickR

O ditador militar birmanês, general Than Shwe, ordenou o início das actividades parlamentares para o final deste mês. Será a primeira reunião parlamentar, em 22 anos, a ser realizada a nível nacional e regional.

Myanmar, antiga Birmânia, é uma das mais tenebrosas ditaduras militares. Os militares birmaneses não só comandam o país com a força das baionetas, como também parecem ser comandados pelas superstições. Só pode ser essa a explicação para que a reunião parlamentar seja convocada para o dia 31, último dia do mês, às 8h55. Pergunto-me quantos cálculos e reuniões foram necessárias para escolher essa data e hora tão estapafúrdias

Parlamento fantoche

A reunião do parlamento é a continuidade da farsa democrática que os militares iniciaram com as eleições, em 7 de Novembro passado, que não foram nem livres nem democráticas. A regulamentação eleitoral era tão draconiana, que não contou com a participação do principal partido de oposição, a Liga Nacional pela Democracia, da Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, que se encontrava em prisão domiciliar. Suu Kyi só foi libertada, “coincidentemente”, após as eleições.

O novo parlamento birmanês será composto maioritariamente por deputados ligados ao regime, que obtiveram cerca de 80% das 1158 cadeiras a nível nacional e regional.

Com isso, os militares consideram ter pavimentado a “via da democracia” birmanesa, cujo intuito, entre outros, é o de amenizar as críticas a nível internacional.

Apesar da condenação internacional que sofrem, os militares birmaneses contam com o total apoio da burocracia do Partido Comunista da China, que se aproveita do boicote internacional para ir aprofundando ainda mais as relações políticas e económicas com Myanmar. O apoio da China é um dos principais pilares de sustentação dessa abominável ditadura militar.

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