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Morte assistida: Respeito pela dignidade implica que respeitemos opções de cada um

Catarina Martins espera que na terça-feira o Parlamento aprove na generalidade a despenalização da morte assistida, para posteriormente se encontrar, na discussão na especialidade, “a melhor solução técnica e jurídica” para a concretizar.
Catarina Martins, foto de Miguel Lopes. Lusa.

“A discussão sobre a morte assistida não começou agora nem acaba na terça-feira. Esta discussão e este debate enorme que o país tem feito já tem mais de dois anos e meio”, afirmou Catarina Martins em declarações aos jornalistas, à margem de uma visita às festas do Senhor de Matosinhos.

“Foi há dois anos e meio que foi criado um movimento cívico muito amplo pela despenalização da morte assistida e que diz algo tão simples como quando uma pessoa está perante um sofrimento intolerável e tem uma doença fatal, uma lesão definitiva, e pede ajuda a um médico, o médico possa dar essa ajuda sem ir preso”, acrescentou a coordenadora bloquista.

Segundo Catarina Martins, “o respeito pela dignidade implica que respeitemos as opções diferentes de cada um e de cada uma”, sendo que, “como o próprio presidente da República reconheceu, este é um dos temas que mais profundamente foi discutido na sociedade”.

“O que esperamos na terça-feira é que o Parlamento possa fazer o passo de aprovar na generalidade os vários projetos que estão em cima da mesa, e que já tiveram este período tão grande de debate, para depois podermos fazer na especialidade um melhor trabalho ainda”, frisou.

“O que é importante esta terça-feira é reconhecermos que as pessoas têm a liberdade de decidir no fim de vida e que depois se faça o melhor dos trabalhos de especialidade para se saber que a lei que sai é tecnicamente mais competente. É isso que é pedido agora aos deputados e deputadas”, reforçou a dirigente do Bloco de Esquerda.

De acordo com Catarina Martins, “o Bloco fez tudo para levar este debate a todo o país”.

“O João Semedo, que tem estado neste debate desde o início, como o José Manuel Pureza, que é agora deputado, fizeram debates em todo o país, em todos os distritos, amplamente participados. Pela nossa parte, fizemos, ao longo de dois anos e meio, um debate consequente, aprofundado, com gente que pensa de várias formas, com gente da esquerda e gente da direita, com gente que tantas visões tem da vida para encontrarmos esta solução”, assinalou.

A coordenadora bloquista referiu que “o Parlamento é agora chamado para dar este passo: respeitar a dignidade”.

“Não dizemos que escolha a pessoa tem de tomar, dizemos é que a escolha que a pessoa faz tem de ser respeitada. Não impomos nenhuma escolha, respeitamos as escolhas que um e cada uma fazem”, realçou.

“Este não é um problema de religião contra não religião, não é um problema de esquerda contra direita, não é dizer que há entendimentos na vida que são melhores que os outros. É dizermos que todos os entendimentos da vida são igualmente respeitáveis, e que cada um deve ter a liberdade para, no final da sua vida, decidir e ter o apoio que decidir ter com toda a dignidade”, rematou.

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