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Morreu Rui Nabeiro

Manuel Rui Azinhais Nabeiro nasceu a 28 de março de 1931 em Campo Maior. Faleceu este domingo aos 91 anos em Lisboa segundo fontes familiares.
Rui Nabeiro começou a trabalhar aos doze anos e criou uma das empresas mais conhecidas do país, a Delta Cafés. Da mercearia de família, à ajuda na torrefação de café da família, cresceu em tempos de contrabando na raia alentejana e da guerra civil no outro lado da fronteira. Com a morte do pai, passou a dirigir a torrefação da família, juntando-se com os tios na Torrefação Camelo e expandido o negócio para Espanha.
Em 1961, funda a marca própria que o fará conhecido, a Delta Cafés, que deixa de ser um negócio local e passa ter presença rapidamente em Lisboa (em 1963) e no Porto (em 1964). Foi alargando depois os seus interesses a outros negócios ao longo do tempo.
Para além do negócio e do envolvimento no campo desportivo, como presidente e mecenas do Sporting Clube Campomaiorense, Rui Nabeiro foi também uma figura política. Presidente de Câmara duas vezes antes do 25 de Abril, em 1962 e 1972, abandonando o cargo ambas as vezes alegando incompatibilidades com outros responsáveis políticos. Depois da revolução dos cravos, ocupou o mesmo cargo, tendo concorrido pelo Partido Socialista, entre 1977 e 1986.
Nesse ano, foge para Espanha devido a uma mandato de captura do Ministério Público por crimes de fraude fiscal e associação criminosa para não pagar a taxa de importação de café importado dos Países Baixos. Regressará depois, recorrendo da decisão. O caso encerrar-se-á em 1990 sendo ilibado dos crimes.
Em 1995, Mário Soares atribui-lhe o grau de comendador da Ordem Civil do Mérito Agrícola, Industrial e Comercial Classe Industrial. Depois, em 2006, Jorge Sampaio junta o grau de comendador da Ordem do Infante D. Henrique.
O Bloco de Esquerda enviou condolências à família.
Comentários
Um Senhor
Portugal tem muitos "empreendedores". Empresários no verdadeiro sentido do termo, tem muito poucos, entre eles, felizmente, teve Rui Nabeiro.
É que, ao contrário do novoriquismo parolo que tanto medra por aí, ele nunca se esqueceu de onde veio e da gratidão que devia aos seus conterrâneos a quem cumprimentava individualmente, de forma cordial.
Passe a publicidade, muitos dos episódios da sua vida estão narrados na obra "Almoço de Domingo" de José Luís Peixoto.
Não foi só Campo Maior que perdeu um dos seus melhores. Fomos todos nós.
Descanse em paz, Sr. Rui Nabeiro!
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