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As mentiras de Pedro Passos Coelho na sua mensagem de Natal

O primeiro ministro anunciou o número de empregos gerados, esquecendo-se de mencionar o número de empregos destruído e de referir os 63 mil emigrantes que deixaram de integrar a população ativa. Bloco acusa Passos Coelho de “mentir sobre os dados que existem para disfarçar os resultados desastrosos da destruição que está a impor ao país”.
Foto de José Coelho, Lusa.

Na sua mensagem de Natal, o primeiro ministro Pedro Passos Coelho retratou um país com menos desigualdades, com uma balança comercial mais positiva, uma economia dinâmica em crescimento, uma dívida em decrescimento. Um país que, segundo frisou a eurodeputada do Bloco de Esquerda, Marisa Matias, “só existe na sua cabeça”.

Ao contrário do que referiu o líder do PSD, a balança comercial não está mais positiva. Na realidade, há menos importações porque o poder de compra está diminuido ao mínimo. No que respeita à dívida, esta não vai ser reduzida, esperando-se que a mesma atinja 128% do PIB no final do ano, quando o memorando previa 114%.

Passos Coelho afirmou que o país conta com menos desigualdades, mas o número de ultra milionários cresceu consideravelmente. Portugal tem atualmente 870 habitantes (0,009% da população) com fortunas superiores a 22 milhões de euros, mais 85 do que os registados no ano passado, segundo dados divulgados no "Relatório de Ultra Riqueza no Mundo 2013".

A edição de dezembro da Exame refere, por sua vez, que as 25 maiores fortunas do país perfazem, este ano, um total de 16,7 mil milhões de euros, 2,3 mil milhões a mais do que em 2012. Este valor corresponde a 10% do produto interno bruto (PIB), sendo equivalente a todo o dinheiro que o Estado português foi buscar aos mercados com a emissão de dívida a curto prazo este ano.

Segundo o Eurostat, 25,3% da população em Portugal encontrava-se em risco de pobreza ou de exclusão social em 2012. Se, em 2011, Portugal estava apenas 0,1 pontos percentuais acima da média europeia, a distância aumentou para 0,5 pontos no primeiro ano de intervenção estrangeira com a colaboração do governo de Passos Coelho.

Passos Coelho avançou ainda que “atacámos com firmeza as causas e os efeitos da crise” e enalteceu o trabalho do executivo do PSD/CDS-PP no combate ao desemprego, nomeadamente entre os jovens, sublinhando que o governo criou 120 mil novos postos de trabalho em 2013.

O primeiro ministro parece ter ignorado os dados divulgados pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) no passado domingo, dia 22 de dezembro, que apontavam para um aumento de 2,2% do desemprego jovem em novembro.

Pedro Passos Coelho também parece não conhecer os dados oficiais do Instituto Nacional de Estatística (INE). As estatísticas disponíveis mais recentes apontam para uma criação de apenas 21,8 mil empregos líquidos entre janeiro e setembro, tal como avança o jornal i na sua edição desta sexta feira.

Segundo avança o diário, para o valor do primeiro-ministro ser correto, o ano de 2013 teria de ter começado em março, já que entre janeiro e março perderam-se 98,6 mil empregos.

O que Passos Coelho também se esqueceu de referir foi que, entre janeiro e setembro, Portugal assistiu à fuga de mais 63 mil pessoas antes registadas como população ativa e que, mesmo os 21,8 mil empregos criados são, na sua maioria, precários, em part-time e pagos abaixo dos 310€ mensais, tal como aponta a Associação de Combate à Precariedade - Precários Inflexíveis.

Governo mente “para disfarçar os resultados desastrosos da destruição que está a impor ao país”

“O primeiro ministro anunciou o número de postos de trabalho que foram gerados, esquecendo-se de mencionar o número de postos de trabalho que foram destruídos. Foram 500 mil desde que a troika entrou neste país. 100 mil nos primeiros meses de 2013”, frisou a deputada do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, esta sexta feira em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.

“Fez o mesmo na declaração proferida há poucos dias sobre os números da dívida pública. Disse claramente que a dívida pública estava a entrar num período de contenção, estando sob controlo, quando nós sabemos que a dívida pública não tem parado de aumentar e que está hoje nos 128% do PIB quando devia estar nos 114% do PIB”, avançou a dirigente bloquista.

“O que o primeiro ministro faz é encontrar outras verdades, mentir sobre os dados que existem para disfarçar os resultados desastrosos da destruição que está a impor ao país”, rematou.

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