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Memórias: Ken Saro-Wiwa
Saro-Wiwa liderou o MOSOP (Movimento pela Sobrevivência do Povo Ogoni) organização pacifista que lutava contra a degradação do delta do Níger, explorado por várias petrolíferas, entre as quais a Shell.
Por causa do seu ativismo, Saro-Wiwa foi preso a mando do regime militar de Sani Abacha, em 1994. Num processo judicial fraudulento, foi condenado à morte com mais oito ativistas.
Os nove ativistas foram condenados, apesar dos múltiplos protestos internacionais e da diplomacia silenciosa das organizações internacionais, incluindo a União Europeia.
Estes nove ativistas foram enforcados, no dia 10 de novembro de 1995. A execução destes ativistas gerou contestação internacional, de tal modo que a Nigéria foi suspensa da Commonwealth durante mais de três anos.
As petrolíferas no rio Níger
Em 1958, as petrolíferas começaram a transformar as terras férteis de Ogoni, que segundo Saro-Wiwa eram um "paraíso", numa paisagem lunar negra. As operações de produção de petróleo contaminaram o solo. Essa exploração irresponsável trouxe aos camponeses pobreza e doenças.
O MOSOP exigiu que as áreas danificadas fossem reabilitadas, e que a população também partilhasse os lucros do petróleo. Lucros que constituem cerca de 90% das receitas do Governo nigeriano, através das quais vários regimes militares e elites corruptas financiam as suas vidas luxuosas.
Indemnizações da Shell
Em janeiro de 1993, 300 mil pessoas manifestaram-se para exigir o pagamento de indemnizações e a reparação causada por danos ambientais. O regime do ditador Sani Abacha reagiu com violência aos protestos e ocupou a região dos Ogoni.
Em 2009, a empresa Shell, reconhecendo a sua implicação na morte dos nove ativistas, pagou 15,5 milhões de dólares às famílias das vítimas, esperando assim minimizar os efeitos negativos da sua imagem neste caso.
Segundo a ONU, serão precisos, pelo menos, mais 30 anos para que sejam superados os danos ambientais no delta do Níger.
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