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Médicos britânicos vão poder receitar canábis em novembro

“Por ter ficado emocionado com os casos desesperantes envolvendo crianças doentes, era importante para mim que agíssemos rapidamente para ajudar quem possa beneficiar da canábis medicinal”, afirmou esta quinta-feira o ministro do Interior britânico Sajid Javid, ao anunciar que a partir do dia 1 de novembro a canábis passa a poder ser receitada em Inglaterra, Gales, Escócia e Irlanda do Norte.
O debate sobre o acesso terapêutico à canábis ganhou proporções nacionais nos últimos meses, graças a casos como o de Billy Caldwell, um rapaz de 13 anos que sofre de uma forma rara de epilepsia e se tornou na figura de proa do movimento ao ver confiscado no aeroporto o óleo de canabidiol que lhe aliviava os sintomas e reduzia os ataques, ou do pequeno Alfie Dingley, de 6 anos, que também encontrou no óleo de canabidiol a solução para deixar de sofrer 150 ataques a cada mês e viu o governo recusar-lhe uma licença especial para aceder legalmente ao produto.
Medicinal cannabis will be legal for specialist doctors to prescribe from 1 November 2018: https://t.co/PlJKlZNRtf pic.twitter.com/mm6cDJQw3Y
— Home Office (@ukhomeoffice) 11 de outubro de 2018
Graças ao ativismo dos pais para exigir do governo de Theresa May que não deixasse os seus filhos continuarem a sofrer, as duas situações comoveram a população e os próprios governantes, ao ponto do ministro do Interior se ter comprometido em junho a avaliar a situação rapidamente e mudar a lei, caso fosse essa a conclusão dos peritos.
“Cumprimos agora a nossa promessa e os médicos especialistas terão a escolha de prescrever estes produtos quando exista uma verdadeira necessidade”, afirmou o ministro Sajid David, acrescentando que o governo não tem nenhuma intenção de avançar para a legalização da canábis para uso recreativo.
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Apenas os médicos especialistas poderão receitar a canábis aos seus pacientes, mas ao contrário de outros países que legalizaram, não existe uma lista de doenças que possa restringir o acesso à canábis terapêutica. A decisão de receitar será tomada caso a caso e “apenas quando o doente tenha uma necessidade clínica especial que não encontre resposta” nos medicamentos disponíveis no mercado, acrescentou o ministro.
Organizações ligadas à saúde, como o NHS England, British Paediatric Neurology Association e o Royal College of Physicians, irão dar formação e aconselhamento aos médicos britânicos até ao arranque do novo regime. Nos próximos anos, o acompanhamento será feito pelo National Institute for Health and Care Excellence.
Para o presidente da Royal Pharmaceutical Society, esta medida é uma boa notícia para muitos doentes em situação clínica grave. Na nota divulgada pelo governo, Ashok Soni acrescentou que “a perspetiva de um futuro em que os medicamentos à base de canábis seguros e eficazes possam ser receitados para aliviar o sofrimento é verdadeiramente empolgante”.
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