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Marisa Matias: “Se a troika vai embora, queremos as nossas vidas de volta”

Durante um comício que teve lugar no Instituto da Juventude de Faro, e que contou com a participação musical de Vasco Ribeiro Casais, do projeto Omiri, a cabeça de lista do Bloco às eleições europeias, Marisa Matias, assinalou que, após três anos de troika, o país recuou 13 anos a nível do PIB e 17 anos em número de empregos, a par de registar uma dívida em níveis nunca vistos na história da democracia.
Foto de Paulete Matos.

Fazendo referência aos dados divulgados pelo INE, que assinalam que o PIB encolheu 0,7%, Marisa Matias afirmou, perante um auditório cheio, que, “ao contrário daquilo que nos diz todos os dias o Governo, continuamos no famoso caminho do empobrecimento que nos foi prometido por Passos Coelho”.

Continuamos no famoso caminho do empobrecimento que nos foi prometido por Passos Coelho

“Apesar de o Governo passar meses e meses a falar de milagre económico e de retoma, a única coisa que é visível é a recessão a retomar e isso nós não queremos, porque significa o empobrecimento do país, ainda mais do que está agora”, avançou a dirigente bloquista.

“A retoma que nos entra em casa todos os dias nos discursos do Governo e da direita é uma retoma que nós não sentimos nos nossos bolsos. Certamente há quem a sinta, mas nós não a sentimos”, acrescentou.

Durante a sua intervenção, a cabeça de lista do Bloco falou ainda do relógio que Paulo Portas inaugurou há uns meses para fazer a contagem para o fim do período de assistência financeira. “Paulo Portas inaugurou um relógio. E eu gostava de fazer a prova do relógio com Paulo Portas. Vamos então, sem nenhuma demagogia, pôr o relógio a zeros e começar a contar: três anos de troika e afinal em que ano é que está o relógio: é em 1640 ou não é, é a libertação de Portugal ou não é", avançou Marisa Matias.

A candidata assinalou que, após três anos de troika, o país recuou 13 anos a nível do PIB e 17 anos em número de empregos, a par de registar uma dívida em níveis nunca vistos na história da democracia.

"Este sim é o relógio que Paulo Portas e Pedro Passos Coelho devem apresentar à população. Este sim é o relógio das nossas vidas, não é o relógio fictício que nos apresentam todos os dias a dizer que estamos libertos”, vincou.

Marisa Matias afirmou que "se o relógio de Paulo Portas estivesse certo e se na verdade a troika fosse embora", Portugal não teria "perdido em média, em termos de indicadores económicos e sociais, qualquer coisa como 13 anos" da vida do país.

"Se a troika vai embora, não nos bastam palavras. Se a troika vai embora, queremos a nossas vidas de volta e queremos muito mais do que isso: queremos um modelo de desenvolvimento completamente diferente do que temos tido até agora", defendeu a dirigente bloquista.

"Queremos os empregos de volta, as pensões de volta, queremos o estado social de volta, queremos a escola pública que nos roubaram, queremos a saúde pública que nos roubaram", acrescentou.

Para além da retórica do Governo, Marisa Matias criticou ainda a "mentira descarada" do executivo de Pedro Passos Coelho, lembrando que uma das justificações apresentadas pelo primeiro ministro para a retração do PIB foi a menor produção da Autoeuropa.

Até os alemães já desmentem o Governo. É um desnorte completo".

"Nem 24 horas depois, a Autoeuropa emitiu um comunicado em que disse que era mentira, que nesse período tinha produzido mais de 20 mil carros acima do que produz normalmente neste período. Até os alemães já desmentem o Governo. É um desnorte completo", enfatizou a cabeça de lista do Bloco de Esquerda às eleições europeias.

Marisa Matias lamentou ainda que Portugal se esteja a tornar num país cada vez mais desigual. “A austeridade quando nasce não é para todos e algumas pessoas, inclusive, ganham com ela”, avançou a dirigente do Bloco, lembrando que “as dez famílias mais ricas aumentaram as suas fortunas em 20%, ao mesmo tempo que 400 mil pessoas neste país que não viviam em situação de pobreza passaram a viver”.

A candidata do Bloco reforçou a ideia da necessidade de reestruturar a dívida e de rejeitar o Tratado Orçamental.

Troika fez o país "regressar ao século passado"

Durante a sua intervenção, o coordenador nacional do Bloco, João Semedo, afirmou que, para a direita, “amanhã é dia para foguetório e champanhe”. Anunciando que festeja aquilo que chama de saída da troika, o que a direita celebra na realidade, segundo frisou o dirigente bloquista, é o que a troika cá deixa depois de 3 anos: “um país que fizeram o país regressar ao século passado”.

Se hoje a austeridade se chama-se troika, depois de amanhã a austeridade chamar-se-á Tratado Orçamental (TO)

Realçando que “se hoje a austeridade chama-se troika, depois de amanhã a austeridade chamar-se-á Tratado Orçamental (TO)", João Semedo desafiou o PS a rejeitar o TO.

"Se o PS está contra a austeridade não pode estar a favor do Tratado Orçamental. E, portanto, aquilo que é o desafio certo, sério nestas eleições, é exigir que António José Seguro dê a mão à palmatória e diga aos portugueses que rejeitará o Tratado Orçamental no futuro", adiantou.

Só desta forma "se fará a prova dos nove se sim ou não deixaremos de ter uma austeridade cor-de-rosa para contrapor a austeridade laranja do presente", vincou o coordenador nacional do Bloco.

“O país encontra-se em situação de emergência social”

O vereador do Bloco na Câmara Municipal de Portimão, João Vasconcelos, referiu, por sua vez, que o país se encontra “em situação de emergência social, fruto das políticas destrutivas praticadas nestes 3 anos”, destacando que o Algarve "não é exceção”.

As 150 cirurgias não realizadas nos últimos meses e os 70 mortos na EN125 são inaceitáveis para João Vasconcelos, que defendeu ser necessário ter eurodeputados responsáveis que representem as populações.

“É preciso criar uma alternativa e por isso contamos com a Marisa Matias, com o João Lavinha e todos os nossos candidatos”, avançou o dirigente do Bloco de Esquerda.

"Estou na minha vida tal como o Bloco está nesta campanha: De Pé!”

A ativista da luta dos enfermeiros a falsos recibos verdes da Linha Saúde 24, Márcia Silva, esclareceu que aceitou ser candidata do Bloco porque na sua vida está “tal como o Bloco está nesta campanha: De Pé!”

Falando um pouco da luta travada pelos trabalhadores da Linha de Saúde 24, Márcia Silva lembrou que ontem surgiu mais uma boa notícia. “Após várias questões colocadas pelo Bloco sobre esta situação, o Ministério do Emprego respondeu dizendo que, após análise dos factos e informação, apesar dos enfermeiros terem sido contratados como prestadores de serviços, desenvolvem a sua atividade em condições que permitem presumir a existência de contratos de trabalho”.

“Esta é uma vitória histórica, em que 400 trabalhadores vêm reconhecidos os seus direitos, em que o próprio ministério oficialmente reconhece as flagrantes ilegalidades cometidas por uma empresa que é concessionária de um serviço público”, avançou a candidata.

Márcia Silva fez também referência à nova lei de combate aos falsos recibos verdes, que, apesar de não resolver por completo a problemática da precariedade, “é um passo em frente nesse sentido”.

Não podemos aceitar discursos derrotistas e conformistas de que não temos escolhas

“A mensagem que vos quero passar é exatamente essa, de esperança, de luta e de vitória. Não desistir de lutar. Não desistir de Portugal, da Europa, não podemos desistir de nós. Temos que continuar a lutar, a acreditar que a mudança é possível, não podemos aceitar discursos derrotistas e conformistas de que não temos escolhas”, rematou.

“Não nos resignamos”

A deputada do Bloco Cecília Honório afirmou que “fizemos excelentes escolhas com as nossas candidatas e candidatos desta lista às próximas eleições”.

No próximo dia 25 estamos a fazer a escolha das nossas vidas, do nosso dia a dia

Frisando que “não nos podemos resignar”, a dirigente bloquista defendeu que no próximo dia 25 “estamos a fazer a escolha das nossas vidas, do nosso dia a dia. A escolha dos nossos filhos e dos nossos país”.

“Nós sabemos que a escolha é entre salvar a banca alemã, permitir que as grandes fortunas continuem a aumentar e que as grandes multinacionais continEam a escapar pelas malhas da evasão fiscal”, e “defender a produção local e os nossos produtores, pescadores, mariscadores...”, avançou Cecília Honório.

“Esta é a nossa escolha, esta é a nossa luta”, finalizou.

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