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Marisa Matias defende suspensão do acordo de associação entre a União Europeia e Israel

“Se o acordo de associação[i] não for suspenso agora, mediante tudo o que aconteceu, não sei quando será. Num curto espaço de tempo já se registaram sete guerras em Gaza, mais de 2.000 pessoas morreram, contam-se mais de dez mil feridos (...) em 53 dias de guerra a Faixa de Gaza "recuou o equivalente a 30 anos, em termos de infraestruturas”, afirmou Marisa Matias, em declarações à agência Lusa.
“Na prática, (o acordo) nunca foi cumprido porque Israel sempre teve um estado de exceção, sempre violou os direitos humanos e temos que fazer pressão”, acrescentou.
A eurodeputada do Bloco de Esquerda, que participou, no Parlamento Europeu, numa conferência de imprensa do Grupo da Esquerda Unida de balanço de uma visita de eurodeputados à Palestina e Israel, lembrou que 700 mil pessoas não têm casa e que as Nações Unidas terão que manter “abertas em permanência 15 escolas” para acolher cerca de 1.400 crianças palestinianas órfãs.
Marisa Matias defendeu ainda o boicote a produtos israelitas, no que é designado como “um momento África do Sul”.
“Se não tivesse sido a pressão internacional e as sanções aplicadas, provavelmente nunca teria havido uma mudança para a democracia na África do Sul. A situação na Palestina é de apartheid e a UE não reconhece a ocupação dos territórios mas continua a fazer tudo como se nada fosse", defendeu a dirigente bloquista.
[i] O Acordo de Associação entre a União Europeia e Israel entrou em vigor em junho de 2000. Este acordo bilateral substituiu os acordos de cooperação anteriormente em vigor e constitui o enquadramento para a cooperação política, económica, social, científica e cultural entre Israel e a UE no âmbito da Parceria Euro-Mediterrânica. (Nota do redator)
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Há um discurso, em defesa da
Há um discurso, em defesa da Palestina contra o ocupante israelita, que associa a situação ao apartheid no sentido de apelar às nações civilizadas que façam o mesmo, com a pressão internacional que levou ao fim do apartheid, . Esse discurso é a base da posição do CPPC e do MPPM.
O apartheid comparado com o que se passa na Palestina era uma doçura e uma coisa não tem rigorosamente nada a ver com a outra. O apartheid era uma forma racista, quase esclavagista, de exploração dos trabalhadores sul-africanos, usando as leis separatistas para aumentar a exploração e assegurar a repressão sustentada em leis, digamos, quadro! Mas os brancos sul-africanos, o capitalismo sul-africano funcionava com base na sobre-mais-valia extorquida aos trabalhadores negros.
Na Palestina nada disso se passa. Os israelitas querem terra e o controlo das matérias primas e, em especial da água. E não querem lá os seus habitantes, que desde 1948 são considerados como estando onde não lhes pertence.
O que se passa na Palestina é o roubo da terra - os colonatos - e a expulsão violenta dos palestinianos da sua terra. O capitalismo israelita não quer o trabalho dos palestinianos para nada. Golda Meir disse-o há já muitos anos e o fito sionista desde 1948, é mais semelhante ao de Hitler na primeira fase do nazismo: terra. O holocausto é apenas uma parte da estratégia de Hitler para chegar à URSS de cuja terra se queria apropriar para o desenvolvimento alemão. Aliás na primeira fase a orientação em relação aos judeus, antes da solução final, era a sua deportação maciça e chegou a estar previsto fazê-lo para Madagáscar.
O que se passa na Palestina é genocídio. E as potências imperialistas, os países europeus e os povos de todo mundo têm que ser confrontados com isso: desde 1948 que se desenrola um genocídio na palestina, que envolve massacres, guerras, ocupação colonial, expulsões, prisões e tortura orientadas contra um povo. Isso é descrito pelo direito internacional como genocídio.
A designação de apartheid pode parecer que tem no seu caminho um fim feliz porque os governos democráticos já mostraram que se mexeram minimamente contra o apartheid e o Mandela, o terrorista Mandela, agora é de todos.
Mas não podemos, não devemos, deixar-nos levar por aí. O mundo dito civilizado tem que ser confrontado com a realidade: é cúmplice activo de um bárbaro (não há outros aliás) genocídio.
E é nessa base que a luta deve ser encarada. Basta ver a evolução do mapa da Palestina. Os negros da África do Sul eram vítimas do mais bárbaro dos regimes a seguir ao dos EUA no século XIX, e com semelhanças ao dos EUA até à vitória do movimento pelos direitos cívis nos anos sessenta do século XX, mas viviam no seu país.
Os palestinianos são massacrados programadamente e expulsos das suas terras até ficarem num campo de concentração onde são abatidos quando abre a época da caça.
O Hamas e o Herzebolah foram criações das nações civilizadas - que apoiam o genocídio sem o nomearem e fazendo resoluções contra os abusos e excessos e mesmo contra os colonatos enquanto os israelitas constroem...colonatos - para liquidar a OLP laica, socialista, a OLP das Intifadas, especialmente da primeira Intifada que era mais difícil derrotar do que todos os roquetes do Hamas, que perante os habitantes de Gaza é o seu único defensor. Um processo aliás que tem sido seguido desde o Afeganistão, ao Iraque, à Líbia, à Síria.
Não podemos enredar-nos no jargão criado para nos enrolar.
Um abraço fraterno com a muita admiração do
Mário Tomé
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