Em declarações à TSF em Paris, a eurodeputada Marisa Matias afirmou: "Se aqui estivesse votaria Macron, mesmo que a contragosto, porque não pode ser Marine Le Pen a presidente de França". Marisa Matias esteve Paris nesta quinta-feira, 4 de maio, para participar num debate sobre "os populismos europeus".
"Macron foi ministro de Hollande, um dos mais presentes, dos mais carismáticos, não necessariamente no bom sentido. Seja como for, não teria dúvidas em quem votar", refere ainda a eurodeputada bloquista.
Crise do sistema político francês
Marisa Matias salienta também a “crise que o sistema político francês está a atravessar”.
“Seja quem for que ganhe é a primeira vez que vai haver um presidente que não tem uma correspondência parlamentar direta ou que se possa pensar neste momento como lógica”, aponta Marisa Matias.
“Esperando que seja Macron a ganhar, creio que vai ter de haver uma reconfiguração profunda. (…) A crise que o sistema político francês está a atravessar traduz-se não apenas nestas eleições presidenciais (...), mas até no próprio sistema político mais vasto e da relação interinstitucional e de cooperação institucional com uma não correspondência dos candidatos presidenciais com os partidos convencionais”, acrescenta ainda a eurodeputada.
Mélenchon foi o candidato que mais se bateu contra Marine Le Pen
Sobre Mélenchon, que Marisa apoiou na primeira volta participando até no encerramento da campanha eleitoral, a eurodeputada declara:
"Nunca demonstrou nenhum entusiasmo em relação a Macron e nunca o escondeu, mas foi o candidato que mais se bateu contra Marine Le Pen durante a primeira volta e isso é uma enorme injustiça se não lhe for reconhecido. Pura e simplesmente seguiu a lógica da campanha, de uma consulta de base, e não fazia sentido que a noite eleitoral fosse diferença. Seja como for, poderia ter sido mais explícito, mais claro e creio que se não o fez foi por achar que não seria necessário, mas penso que agora essa mensagem já está clara".