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Mário Tomé é o mandatário do Bloco para as legislativas

O Bloco apresentou como mandatário da sua candidatura o militar de Abril Mário Tomé justificando a escolha por ser um homem “comprometido ao longo das últimas décadas com as lutas da esquerda e com uma posição antimilitarista que traduz o compromisso do Bloco com a defesa da paz e dos direitos humanos”.
Mário Tomé
Mário Tomé

Mário Tomé vai ser o mandatário da candidatura do Bloco de Esquerda às eleições legislativas de 6 de outubro de 2019.

Mário Tomé, o militar militante da justiça social

Mário António Baptista Tomé nasceu em Estremoz em 30 de Setembro de 1940. Ingressou na Academia Militar em 1957 e seguiu a carreira militar pela qual foi condecorado. Fez quatro comissões na Guerra Colonial Portuguesa em Guiné e Moçambique entre 1963 e 1974.

Fez parte do Movimento dos Capitães que derrubou a ditadura em 1974. Foi, aliás, seu coordenador em Moçambique. Em 1970 tinha pedido a demissão de oficial das Forças Armadas invocando total desacordo com a guerra. A resposta negativa ao seu pedido chegou um ano depois.

Durante o Período Revolucionário Em Curso, foi comandante da Polícia Militar. Fez parte do COPCON, o Comando Operacional do Continente, um comando de forças especiais criado pelo MFA em 1974 e dirigido por Otelo Saraiva de Carvalho. Foi redator do chamado “Documento do COPCON”, um texto alternativo ao “Documento dos Nove”.

A seguir ao Golpe de 25 de Novembro foi preso junto com outros militares desta estrutura. É libertado a 23 de abril de 1976 mas impedido de continuar a carreira militar. Passa compulsivamente à reserva em 1984. Ao abrigo da lei 43/99 foi promovido ao posto de Coronel, o mínimo que lhe competia devido ao seu tempo de serviço.

Mas é como Major Tomé que continua a ser conhecido. No plano político, destacou-se enquanto dirigente da União Democrática Popular. Fez parte da Comissão Política da candidatura de Otelo à Presidência em 1976 e foi por duas vezes eleito deputado à Assembleia da República: em 1979 e em 1991. É fundador e militante ativo do Bloco de Esquerda.

Uma escolha pelo compromisso com a defesa da paz e direitos humanos

A escolha de Mário Tomé para mandatário da campanha das legislativas de 2019 assinala não só o seu percurso como militar de Abril e o seu contributo em geral para a esquerda ao longo da sua vida e em particular para a vida do Bloco como também distingue a sua posição antimilitarista “que traduz o compromisso do Bloco com a defesa da paz e dos direitos humanos”, segundo a justificação desta escolha enviada à Lusa.

A escolha de Mário Tomé simboliza assim “um compromisso claro” com a defesa da paz e dos direitos humanos fundamental num contexto em que “o extremismo de Trump representa a ameaça crescente de uma escalada belicista”.

No seu programa, o Bloco salienta que “ao longo das últimas décadas, e os últimos anos não foram exceção, Portugal manteve um alinhamento externo marcado pela subserviência aos princípios da NATO e do eixo transatlântico”. E acrescenta que “o aumento de despesa com a defesa choca abertamente com a ausência de recursos para investir em serviços públicos essenciais”.

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