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Mário Mesquita (1950-2022)

Resistente antifascista e fundador do PS, jornalista e diretor de jornais, professor de jornalismo e vice-presidente da Entidade Reguladora da Comunicação Social, Mário Mesquita morreu esta sexta-feira aos 72 anos.
Mário Mesquita. Foto Manuel de Almeida/Lusa.
Mário Mesquita. Foto Manuel de Almeida/Lusa.

Mário Mesquita morreu esta sexta-feira. Tinha 72 anos de uma vida em grande parte dedicada à resistência antifascista, à esquerda e ao jornalismo.

Mário Mesquita nasceu em Ponta Delgada, onde militou na resistência antifascista na juventude. Em 1963 e 1973 apoiou a CDE dos Açores. Licenciou-se em Comunicação Social na Universidade Católica de Lovaina e, em abril de 1973, este entre o grupo que, na República Federal da Alemanha, fundou o Partido Socialista. Tinha 23 anos então.

Depois do 25 de abril, foi deputado por esse partido à Assembleia Constituinte (1975-1976) e, a seguir, deputado à Assembleia da República. Afastou-se do partido pouco depois, em 1978, mas manteve-se à esquerda.

Mário Mesquita é sobretudo recordado como jornalista. Foi diretor do Diário de Notícias e do Diário de Lisboa, trabalhou ainda no República e Público e foi provedor dos leitores no Diário de Notícias. Foi ainda colunista dos principais jornais de referência nacionais: o Público, o Diário de Notícias e o Jornal de Notícias.

Enquanto jornalista ganhou diversos prémios: o Prémio Artur Portela da Casa de Imprensa devido à carreira, o Prémio de Reportagem do Clube Português de Imprensa, o Prémio Gazeta de Mérito do Clube dos Jornalistas e o Prémio Nacional Manuel Pinto de Azevedo Jr. do jornal O Primeiro de Janeiro.

Para além disso, distinguiu-se como professor de jornalismo em várias universidades, como na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, na FCSH da Universidade Nova de Lisboa, na Universidade Lusófona, e na Escola Superior de Comunicação Social em Lisboa, era vice-presidente da Entidade Reguladora da Comunicação Social, cargo que começou a desempenhar em 2017.

Com as aulas e com os seus textos, foi autor de oito livros sobre Comunicação Social, marcou várias gerações de jornalistas. O ano passado foi publicado um título dedicado a si: A Liberdade por Princípio - Estudos e testemunhos em homenagem a Mário Mesquita. Nessa altura, em entrevista ao Público, esclareceu o que o levou a dedicar-se à investigação sobre o jornalismo: “sempre me preocupei com o jornalismo do ponto de vista do pensamento. Dos anos 1975 até final dos anos 1980 fui forçado pelas circunstâncias do país e pelas circunstâncias externas a procurar uma fundamentação teórica para o que era o jornalismo, o que era o poder do media… A minha perceção teórica, que depois desembocou nas aulas, começou num certo autodidatismo. Mas, fazendo as contas, fui mais anos professor do que fui jornalista. Mas as pessoas quando se referem a mim dizem “o jornalista Mário Mesquita”. Presumo que no meu necrológico também sairá “o jornalista Mário Mesquita”…”

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