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Mário Centeno "deixou de ter desculpas" para não libertar verbas necessárias

Destacando a importância da decisão da Comissão Europeia de suspender as regras orçamentais, Marisa Matias defendeu, no entanto, que não se pode tratar somente de uma "suspensão temporária". A eurodeputada afirmou ainda que "a solidariedade europeia falhou completamente com Itália" e alertou para a situação dos refugiados em Lesbos.
O ministro das Finanças, Mário Centeno, na Assembleia da República, foto António Pedro Santos/Lusa.
O ministro das Finanças, Mário Centeno, na Assembleia da República, foto António Pedro Santos/Lusa.

Durante a primeira sessão de esclarecimento online sobre o combate à pandemia organizada pelo Bloco, Marisa Matias pronunciou-se sobre a decisão inédita tomada pela Comissão Europeia de suspender as regras orçamentais face aos impactos económicos do covid-19.

Ainda que tenha assinalado a importância da medida, a eurodeputada afirmou que, "até prova em contrário, todas as medidas que são anunciadas preveem a manutenção futura dos limites do défice e do estrangulamento do investimento público".

"O que se percebe, muito provavelmente, deste anúncio da Comissão Europeia é que a Comissão Europeia fê-lo mais por necessidade de não perder a cara do que por convicção própria”, referiu Marisa Matias.

A dirigente bloquista defendeu que “o que faria sentido, neste momento, era garantir que não se trata de uma suspensão temporária e que se permitirá a recuperação económica de todos os países e não a repetição daquilo que se passou com a crise financeira".

Marisa Matias avançou ainda que seria "importante perceber como é que os tratados europeus continuam inquestionáveis e, ao mesmo tempo, se tomam este tipo de medidas", na medida em que, "com os tratados europeus, não há margem para responder às necessidades reais e, muito menos, às sucessivas crises que vamos enfrentando".

A eurodeputada do Bloco sinalizou ainda que o ministro das Finanças, Mário Centeno, "deixa de ter desculpas" para não libertar verbas necessárias e que "é mesmo importante que a flexibilidade seja toda garantida e que a suspensão das regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento que têm estrangulado a nossa economia e sociedade, não estrangulem ainda mais e não se agravem em situação de crise".

"O investimento público é fundamental e devia passar para valores anteriores à crise financeira", reforçou, sublinhando que a proteção dos direitos do trabalho, o reforço dos serviços públicos e uma estratégia de proteção ambiental com a requalificação do mundo rural deverão ser também prioridades.

"A solidariedade europeia falhou completamente com Itália”

De acordo com Marisa Matias, "a solidariedade europeia falhou completamente com Itália": "Quando faltaram as máscaras e as luvas, a Alemanha e a França fecharam as portas à saída dos seus produtos e Itália que teve de recorrer à China", frisou.

A dirigente bloquista alertou ainda para a situação dos refugiados no campo de Lesbos, dando conta da incapacidade de quem está nestes campos de cumprir com as recomendações sanitárias.

"É deixar as franjas da população entregues à sua pouca sorte. E isso não pode acontecer", enfatizou.

Marisa Matias afirmou ainda que estamos perante “uma crise que tem características muito diferentes das anteriores”, com níveis de incerteza muito elevados e, por isso, “temos de estar preparados", caso contrário, a "desigualdade e a injustiça sairão reforçadas".

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