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Manuel Gusmão (1945-2023)

O poeta, ensaísta e professor universitário faleceu esta quinta-feira.
Manuel Gusmão. Foto da Fenprof.
Manuel Gusmão. Foto da Fenprof.

Manuel Gusmão nasceu em dezembro 1945 em Évora. Destacou-se como poeta, ensaísta e professor universitário na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Em 2006, tinha-se aposentado do trabalho universitário.

Academicamente, licenciou-se em Filologia Românica em 1970 com uma tese dedicada à poesia dramática de Fernando Pessoa e doutorou-se com uma tese sobre a Poética de Francis Ponge em 1987. Neste âmbito, foi fundador da Associação Portuguesa de Literatura Comparada.

A estreia como poeta, iniciada publicamente apenas aos 45 anos, acontece em 1990, com Dois Sóis, A Rosa - A Arquitetura do Mundo. Seis anos depois, publica Mapas, o Assombro a Sombra. Mais tarde vem Teatros do Tempo que esgotou a primeira edição em seis meses. Para além da poesia, escreveu também um libreto para uma ópera de António Pinho Vargas intitulada Os Dias Levantados, uma obra sobre o 25 de abril.

Esta atividade poética e a ensaística, na qual analisou, por exemplo, as obras de Carlos de Oliveira, Herberto Helder, Fernando Pessoas, Sophia de Mello Breyner Andresen, Ruy Belo, Fernando Assis Pacheco, Maria Velho da Costa, Maria Gabriela Llansol, ou José Saramago, levaram-no a vencer vários prémios literários como o Prémio PEN Clube Português de Poesia (em 1997 e 2009), o prémio desta instituição dedicado ao Ensaio, no ano seguinte, o Grande Prémio de Poesia APE/CTT em 2001, o Prémio D. Diniz em 2004, o Prémio Vergílio Ferreira em 2005 e o Grande Prémio DST de Literatura em 2009. Recebeu ainda a Medalha de Mérito Cultural do Governo em 2019.

A sua atividade cultural levou-o ainda a integrar as redações de revistas como O Tempo e o Modo e Letras e Artes, a fundar as revistas Ariane (revue d’études littéraires françaises) e Dedalus, e a ser coordenador editorial da revista Vértice desde 1988. Foi também colaborador regular do suplemento Ípsilon do jornal Público.

Militante do PCP, foi deputado à Assembleia Constituinte e na primeira legislatura da Assembleia da República depois da Revolução dos Cravos. Integrou a direção do Sector Intelectual da Organização Regional de Lisboa e o Comité Central do partido.

Manuel Gusmão era pai do eurodeputado bloquista José Gusmão e de Ana e Sara Gusmão, ambas dirigentes do PCP. Era casado com Maria Gusmão, também militante do PCP. Foi também casado com a histórica sindicalista dos Correios e antiga dirigente da CGTP Isabel Figueiredo, falecida no passado mês de janeiro.

O Bloco de Esquerda e o Esquerda.net prestam homenagem a Manuel Gusmão e endereçam os sentidos pêsames aos seus familiares e amigos.

A família informa que o velório do Manuel Gusmão será na capela de São Francisco de Assis no domingo, dia 12, entre as 10h30 e as 15h15. O funeral será às 15h30h no cemitério do Alto de São João.

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