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Manifestantes pedem criação de estatuto do cuidador informal

Cuidadores informais manifestaram-se em Lisboa para exigir a criação de um estatuto que lhes garanta apoios e os reconheça enquanto trabalhadores.
Manifestantes pedem criação de estatuto do cuidador informal

Um grupo de cuidadores informais concentrou-se em Lisboa para pedir ao governo consenso político para a criação de um estatuto que garanta apoios pecuniários e os reconheça enquanto trabalhadores. Os manifestantes fizeram o percurso entre a Praça da Figueira e o Terreiro do Paço, munidos de balões coloridos e ao som de palavras de ordem que reivindicavam a criação do estatuto do cuidador informal. 

"Os balões azuis e rosa representam os cuidadores das crianças e os roxos os cuidadores de doentes com Alzheimer, demência e também idosos. Os balões representam também cada pessoa que não pode estar presente na manifestação", disse à agência Lusa Sofia Figueiredo, uma das responsáveis do movimento de cuidadores informais.

Para a manifestante, é "urgente" a criação do estatuto, uma vez que existem pessoas "que chegam ao limiar da pobreza, porque não têm os apoios necessários”. 

"As propostas políticas cobrem, de alguma forma, as necessidades, mas o ideal era que os partidos se juntassem de modo a recolher o melhor de cada proposta. São dois projetos-lei que têm tudo para andar para a frente", sublinhou Sílvia Alves, outra manifestante. A cuidadora explicou igualmente que, além dos apoios pecuniários, é necessário assegurar, entre outros aspetos, "a carreira contributiva e a flexibilização do horário de trabalho”.

"Somos obrigados a tomar decisões sem rede. Ninguém está preparado para ser cuidador. Tive de deixar a minha vida laboral e aprender a ser fisioterapeuta, enfermeira, médica e ainda fui professora do meu filho durante o primeiro ciclo", vincou.

Já Anabela Lima partilhou as dificuldades que sente com os gastos associados à garantia de cuidados do seu marido. "A minha vida acabou há nove anos, neste momento, sou apenas cuidadora do meu marido. Tenho de pedir ajuda à minha irmã e aos meus filhos para pagar as despesas. O centro onde o meu marido está custa 500 euros, fora os cremes, que custam mais de 10 euros cada, as fraldas, os suplementos e, por exemplo, cada caixa de iogurtes custa 16 euros. É muito complicado", referiu.

Os manifestantes garantiram que irão continuar com novas formas de luta, caso o Governo não dê resposta às reivindicações apresentadas.

No plenário realizado anteriormente sobre medidas de apoio ao cuidador informal, o deputado José Soeiro, disse que o projeto de lei do BE cria o Estatuto do Cuidador Informal prevendo "o descanso" dos cuidadores, o direito à reforma contabilizando o tempo de prestação de cuidados e o reforço dos apoios sociais.

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