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Manifestação anti-tourada reprimida pela polícia

Cerca de 300 manifestantes marcaram presença com diversos cartazes e palavras de ordem anti-tourada, destacando-se várias associações de defesa dos animais nomeadamente a Animal. No entanto, a manifestação ficou marcada pela repressão policial que chegou a provocar ferimentos em duas pessoas. Por Paula Sequeiros
Foto de Artur Pinto

Um grupo de cidadãos de Viana do Castelo organizou um protesto contra a realização de tourada na cidade com a consigna Viana ManiFesta Amor. Depois de Viana ter sido declarada «cidade sem touradas» há alguns anos pelos autarcas de então, a Prótoiro tem feito questão de aí voltar a realizar esse espetáculo por ocasião das festas da cidade em Agosto.

Este evento tem suscitado forte discussão em Viana do Castelo, e uma boa parte da população tem declarado que não quer as touradas associadas ao nome da cidade. A Câmara considerou não haver condições de segurança para a sua realização, mas o Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga aceitou a providência cautelar dos organizadores, Prótoiro, em sentido contrário.

O protesto divulgado pelas redes sociais foi programado para se iniciar com manifestação até ao local da arena provisória, freguesia de Darque, e volta até ao centro da cidade para um festival musical com a participação voluntária de sete bandas. Recorde-se que a arena antiga, no centro da cidade foi desativada pela autarquia.

Cerca de 300 manifestantes marcaram presença com diversos cartazes e palavras de ordem anti-tourada, destacando-se várias associações de defesa dos animais nomeadamente a Animal. Várias frase pintadas afirmavam que a tauromaquia está usufruir de subsídios para uma atividade baseada na violência contra animais, violência tornada espetáculo público e que «Tortura não é arte nem cultura».

Contudo, e apesar das devidas comunicações prévias às autoridades e das garantias de proteção previamente prestadas pela PSP de Viana do Castelo às organizadoras, verificou-se que havia acessos públicos perto da arena barrados por seguranças privados com cães.

Forças policiais de intervenção estavam também presentes em grande número perto do recinto, sem a identificação pessoal visível. E foram polícias dessa força que carregaram sobre os manifestantes com uma violência desproporcionada depois de os cercarem com grades levando a que, após criarem dificuldades na assistência aos feridos, outras pessoas manifestantes tivessem tido de chamar o INEM.

Ficou registado pelas câmaras da SIC a frase dirigida a jornalistas «agora vê lá o que publicas» por parte de um desses agentes. Os acessos em torno da arena foram cortadas durante algumas horas, não permitindo a saída a quem aí se encontrasse, com exceção de toureiros e espetadores.

Entre os manifestantes encontravam-se algumas pessoas de forças políticas tais como Defensor Moura (ex-Presidente da Câmara Municipal), José Soeiro (Bloco de Esquerda) e Hélder Pena (candidato do PAN à autarquia de Viana).

Durante o caminho de regresso houve ainda manifestantes que confrontaram os aficionados com a violência que a tourada representa e com o facto de não ser espetáculo a que se devam expor crianças. Os aficionados foram invetivados também por terem tido entradas oferecidas e por muitos terem sido transportados em autocarros pagos pelos empresários tauromáquicos desde o sul do país, tal como acontecera em 2012.

Houve ainda momentos de confronto quando um desses aficionados galgou o passeio com o carro arrastando à frente alguns manifestantes e outros ainda que se infiltraram com bandarilhas – supostamente trazidas da arena como «souvenir» - provocando os manifestantes. Neste segundo momento a PSP de Viana interveio.

De volta à cidade o festival musical arrancou depois da hora anunciada, dados os constrangimentos impostos à circulação de manifestantes. Nos momentos finais do protesto o tema dominante das conversas era a violência desproporcionada da intervenção policial e a falta ou mesmo recusa de proteção a quem se quis manifestar.

Notas: link para as tais imagens da SIC: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=480113258750683&set=a.479945182100824.1073741834.305023079593036&type=1&theater feito pela CAPT - Campanha Abolicionista da tauromaquia em Portugal

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