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Malária mata 180.000 pessoas a mais por ano do que se pensava, alerta OMS

A Organização Mundial da Saúde apelou a um esforço “massivo e urgente” para colocar a nova vacina contra a malária nos braços das crianças africanas, alertando que morrem anualmente da doença mais cerca de 180.000 pessoas do que se pensava anteriormente.
Foto de Pixabay.

O diretor do programa global da OMS contra a malária, disse que a vacina RTS, S, recomendada para administração generalizada em outubro, representa uma oportunidade histórica de salvar dezenas de milhares de vidas, principalmente de menores de cinco anos na África Subsariana.

No entanto, Pedro Alonso, citado pelo The Guardian, alertou que a comunidade global corre o risco de enfrentar um “fracasso massivo” se os compromissos de financiamento destinados a aumentar a produção e ajudar na administração da vacina não forem garantidos rapidamente.

Para o representante da OMS, a “verdadeira barreira é a solidariedade internacional”.

“O mundo vai permitir que haja uma primeira vacina contra a malária que pode salvar a vida de dezenas de milhares de crianças africanas todos os anos e que ela seja deixada numa prateleira?”, questionou.

A farmacêutica britânica GlaxoSmithKlein, que desenvolveu a vacina RTS, S, comprometeu-se a doar até 10 milhões de doses para utilização nos programas-piloto já em andamento e a fornecer até 15 milhões de doses por ano.

Contudo, com mais de 240 milhões de casos diagnosticados em todo o mundo no ano passado, é expectável que a procura possa atingir 80 a 100 milhões de doses por ano, alertou Alonso.

De acordo com o diretor do programa global da OMS, “este é um excelente exemplo de onde os mecanismos internacionais precisarão entrar em ação”.

Uma vacina que pode salvar até 80.000 vidas todos os anos, de crianças africanas, “é algo que deve ser tratado com a maior ambição e sentido de urgência”, referiu, enfatizando que “um aumento lento e gradual não seria aceitável”.

Alonso defende que deve ser assegurada “uma operação massiva e urgente para garantir que possamos alcançar o maior número de crianças possível e o mais rápido possível”. E acrescentou: “Se a comunidade global de saúde não responder a este desafio, isso representará um grande fracasso. Não consigo imaginar como diferentes líderes, líderes de filantropia ou de instituições financeiras, irão para África e defenderão esforços para prevenir mortes infantis se não apoiarem, antes de mais nada, a implantação desta vacina”.

Na semana passada, a aliança global de vacinas, Gavi, disse que o seu conselho tinha aprovado um valor inicial de 155,7 milhões de dólares para o lançamento da RTS, S, por forma a apoiar a introdução, aquisição e entrega da vacina para os países elegíveis na África Subsaariana de 2022 até 2025.

Abdourahmane Diallo, CEO da RBM Partnership to End Malaria, disse que o anúncio daria ao setor privado “um motivo crucial para expandir” a implementação. “Agora pedimos aos líderes que aumentem os investimentos para acelerar o desenvolvimento e a entrega de ferramentas mais eficazes e transformadoras para combater o parasita da malária em constante evolução”, salientou.

Os dados divulgados pela OMS na segunda-feira ajudam a compreender a dimensão do problema. Um novo método “mais preciso” de contagem estimou que 627.000 pessoas morreram de malária no ano passado, 180.000 a mais do que o total apurado com a metodologia antiga.

A grande maioria de todas as mortes por malária - 96% - ocorreu na África Subsaariana. As mortes aumentaram em quase 70.000 no ano passado, um aumento de 12%, dos quais quase 50.000 foram atribuídos a interrupções durante a pandemia.

Uma das principais causas está relacionada com o facto de um quarto dos mosquiteiros tratados com inseticida - a espinha dorsal dos esforços da OMS para combater a malária - não terem sido distribuídos em 2020.

Ao longo de quatro anos de testes, descobriu-se que o RTS, S previne 39% dos casos de malária e 29% dos casos de malária grave. Mas Alonso considera que “uma redução de 30% [em] casos graves de malária significa um enorme impacto na saúde pública, provavelmente maior do que qualquer outra vacina contra qualquer outra doença em uso agora”.

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