Mais factos sobre os financiadores da IL

25 de fevereiro 2024 - 20:36

Num almoço no Algarve, Mariana Mortágua falou sobre “rios de dinheiro, como nunca tínhamos visto, que correm de cofres milionários para partidos da direita, incluindo o Chega e a Iniciativa Liberal”. Deu exemplos concretos, que Rui Rocha, lançando ruído, procura agora desmentir.

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O presidente do IL, Rui Rocha, discursa no Congresso da CIP - Confederação Empresarial de Portugal, na Alfândega do Porto, 21 de fevereiro de 2024. Por Pedro Granadeiro, Lusa.

O presidente da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha, acusou hoje o Bloco de Esquerda de fazer “imputações completamente falsas”. O que contesta Rui Rocha?

Num almoço no Algarve, Mariana Mortágua referiu que

“No debate com o Dr. Ventura viram com certeza como ele não explica por que é que estava a falar da TAP na Assembleia da República sem nunca dizer que recebia dinheiros dos acionistas privados da TAP. E que estava na Assembleia da República a falar dos CTT sem nunca dizer que recebia dinheiro dos acionistas privados dos CTT que predaram o serviço público, que distribuíram dividendos que a empresa não tinha e que delapidaram o património daquela empresa que era nossa.

E acrescentem o imobiliário, acrescentem a finança, acrescentem antigos agentes do Grupo Espírito Santo e do negócio de Vale do Lobo, que bem conhecem, e têm o polvo de financiadores do Chega e da extrema-direita.

O mesmo polvo que paga à IL. A IL, que apresentou o seu programa tendo a responsável e presidente de um dos maiores grupos de saúde privada presente para dizer que a Saúde é o melhor negócio do século XXI (Ler: CEO da Luz Saúde e "tubarão" na apresentação do programa da IL e Menos impostos, mais mercado: a fórmula da IL para mudar o país). A IL, que recebeu dinheiro diretamente do presidente da EDP. E que, em dois anos, dois empresários entregaram ao instituto de estudos da IL uma quantia de 600 mil euros.

O dinheiro jorra para os partidos clientelares. Os milionários abriram a comporta para financiar os partidos da direita. E este é um dos traços mais marcantes desta campanha e desta mutação política que estamos a viver. Não há vergonha e não há disfarce. Os milionários querem partidos ao seu serviço e pagam-lhes à frente de quem quiser ver”.

A este respeito, valerá a pena ler o artigo “Famílias Mello e Champalimaud financiaram o Chega em 2021”, no qual a Sábado, em setembro de 2022, escreveu o seguinte:

“De CEO da EDP a liberal

Tudo começou com um telefonema. Miguel Stilwell d’Andrade, presidente executivo da EDP, atendeu uma chamada de um amigo da Iniciativa Liberal, que o terá desafiado a fazer uma contribuição financeira ao partido, apurou a SÁBADO junto de fontes do partido. Após ter ponderado, decidiu transferir 7.500 euros no dia 28 de dezembro, a cerca de um mês das eleições legislativas. À SÁBADO, o CEO da EDP explicou": "A minha contribuição financeira à Iniciativa Liberal é de cariz estritamente pessoal e totalmente transparente, estando registada no Tribunal Constitucional. Entendo que o País ganha com pluralidade de opiniões e as propostas da IL contribuem para o debate de ideias na sociedade portuguesa".

A Sábado desenvolve os meandros do financiamento da IL:

“À semelhança do Chega, percentualmente a IL subiu muito ao nível de doações. Se em 2020 tinha captado cerca de 15 mil euros em donativos, em 2021 angariou 243 mil euros. Um dos empresários que financiou o partido liberal foi Luís Amaral, dono do gigante polaco da distribuição Eurocash e acionista maioritário do jornal Observador, que transferiu 10 mil euros no dia 16 de novembro. Não foi a primeira vez que terá apoiado o partido: em 2019, quando conheceu o projeto, terá entrado em contacto por email, almoçado com o núcleo e demonstrado o apreço pelas ideias. À SÁBADO, fonte oficial do partido afirma que ‘quem faz um donativo à IL está a escolher essa forma de apoiar as ideias da IL e a sua implementação no País’ e que ‘não obtém mais nada em troca a não ser a garantia de que a IL usará esse dinheiro para comunicar as suas ideias e reforçar o seu projeto político”.

Sobre os 600 mil euros doados pelos empresários Luis Amaral e Carlos Moreira da Silva ao instituto +Liberdade, basta consultar os respetivos relatórios de contas para verificar a veracidade das declarações de Mariana Mortágua.