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Mais de 800 pessoas disseram não à prospeção de petróleo em Portugal

Os manifestantes expressaram este sábado a sua desilusão face ao recuo do Governo no que concerne à possibilidade de exploração de petróleo na costa portuguesa. Joana Mortágua alertou que a opção do executivo compromete o país e as gerações futuras.
Foto de Rodrigo Antunes, Lusa.

O intenso calor que se fez sentir este sábado, com os termómetros a ultrapassarem os 40 graus, não demoveu as mais de oito centenas de pessoas que se manifestaram na Trafaria, em Almada, contra a exploração de petróleo e gás em Portugal.

O protesto pacífico com o lema “não ao furo por um futuro” reuniu movimentos e ativistas nacionais e internacionais e personalidades como o ator João Manzarra ou o cineasta António Pedro Vasconcelos. A deputada bloquista Joana Mortágua também juntou a sua voz à voz de todos aqueles que querem travar a exploração de petróleo na costa portuguesa.

“Não vamos desistir”

Isabel Rosa, da Tamera - Centro de Educação e Pesquisa para a Paz, afirmou, em declarações aos Esquerda.net, que um dos objetivos da iniciativa foi voltar a chamar a atenção para o furo em Aljezur, que poderá avançar a partir de 15 de setembro.

A ativista sublinhou a importância de informar as pessoas sobre o que está a acontecer em Portugal no que respeita à exploração de petróleo e gás.

Isabel Rosa avançou que esta é também uma forma de alertar para “aquilo que há de sagrado, que é a vida no planeta, os recursos que a terra nos dá e a forma como nós utilizamos esses recursos naturais”.

“Não vamos desistir, garantiu”, salientando que esta “é uma ótima oportunidade de iniciarmos a transição e de não estarmos a continuar a perpetuar a energia fóssil”.

Frisando que já existem várias alternativas, a ativista reforçou que “é preciso mudar a nossa mentalidade”.

O Tamera tem promovido uma aliança global, através do Movimento Defender o Sagrado, que surgiu com LaDonna em Standing Rock, e várias ações políticas no âmbito, por exemplo, da luta contra a prospeção de petróleo em Alzejur ou do frackling de gás natural em Aljubarrota.

No dia 10 de agosto, o centro organiza na Fábrica Braço de Prata, em Lisboa, a iniciativa Parar o furo: Histórias de Resistência e Esperança que contará com um painel de líderes de pensamento global e ativistas internacionais.

“Um crime ambiental e um arrependimento de gerações”

A deputada bloquista Joana Mortágua afirmou que existe uma “decisão que o país tem de tomar, se quer fazer ou não uma aposta que pode significar um crime ambiental e um arrependimento de gerações”.

A dirigente do Bloco de Esquerda alertou para a “necessidade de alterar os nossos padrões de produção energética” e destacou a importância de o Governo perceber que há muita gente a juntar-se contra a exploração de petróleo em Portugal.

“A causa ambiental é aquela que vai definir durante gerações a possibilidade de continuarmos a viver aqui”, referiu, avançando que “são as escolhas que fazemos agora que determinam para o futuro o planeta que ainda vamos ter”.

De acordo com Joana Mortágua, esta é uma causa global, não se tratando somente de um problema de gestão imediata.

A deputada deu conta da “desilusão generalizada com o recuo do governo relativamente à possibilidade de exploração de petróleo na costa portuguesa”, assinalando que o Bloco junta a sua voz à voz de todos aqueles que querem travar a possibilidade de exploração de petróleo

“Sabemos em que lado é que estamos. Estamos contra o furo e é deste lado que continuaremos a estar”, rematou.

Em 2017, o Governo português cancelou 10 dos 15 contratos para a prospeção de petróleo e gás, comprometendo-se a não avançar com a exploração na costa do Algarve. Contudo, em janeiro deste ano, o secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches, deu permissão para a exploração de combustíveis fósseis na costa do Algarve e Alentejo.

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