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Líder de milícia de extrema-direita detido pelo ataque ao Capítólio

A polícia norte-americana deteve o fundador da milícia Oath Keepers, que será acusado de sedição juntamente com outros dez membros. A Google e várias redes sociais foram intimadas pelo Congresso a divulgarem dados para a investigação.
Imagem da manifestação de dia 6 de janeiro de 2021 que culminou na invasão do Capitólio.
Imagem da manifestação de dia 6 de janeiro de 2021 que culminou na invasão do Capitólio. Foto Tyler Merbler/Flickr

Pela primeira vez, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos da América vai acusar pelo crime de sedição alguns dos envolvidos na invasão do Capitólio a 6 de janeiro de 2021, que resultou em cinco mortes e dezenas de feridos. Na lei dos EUA, este crime é punido com pena até 20 anos de prisão e diz respeito a duas ou mais pessoas que conspiram para derrubar ou destruir pela força o Governo do país ou para usar a força no sentido de prevenir, frustrar ou atrasar a execução da lei, bem como de tomar de assalto qualquer propriedade do Estado. Entre os anteriores acusados deste crime está Ramzi Yousef, o cérebro do atentado bombista de 1993 no World Trade Center, em Nova Iorque.

Stewart Rhodes, detido esta quinta-feira, é o elemento mais proeminente dos grupos de extrema-direita a enfrentar a justiça no caso do ataque ao Capitólio. Apesar de não ter entrado no edifício, é acusado de ter sido um dos organizadores da violência no dia em que o Congresso certificava o resultado eleitoral que deu a vitória a Joe Biden nas presidenciais.

O Departamento de Justiça descreve os Oath Keepers como um grande mas pouco organizado grupo de indivíduos, alguns deles associados a milícias de extrema-direita. Embora aceitem qualquer pessoa como membro, o seu recrutamento é dirigido a atuais e antigos militares, polícias e profissionais de primeiros-socorros.

Segundo a acusação, Rhodes e outros co-conspiradores também acusados neste processo começaram coordenar e planear a ida a Washington desde dezembro de 2020 através de aplicações de comunicações encriptadas. O grupo planeou levar armas para o local, formou equipas com elementos dispostos a usar a força e transportar armas e munições, facas, camuflados, bastões, coletes, capacetes, viseiras e equipamento de rádio, recrutou outros membros para participarem no plano, fez treinos para ensinar táticas de combate paramilitar e concretizou a intenção de invadir o Capitólio, agredindo os polícias que o defendiam.

Enquanto dois grupos dos Oath Keepers assim equipados marchavam para entrar no edifício, outros grupos mantiveram-se longe do local, preparados para transportar rapidamente armamento para o teatro de operações, prossegue a acusação.

No último ano foram detidas mais de 725 pessoas em quase todos os 50 estados norte-americanos por crimes relacionados com a invasão do Capitólio. Destes, mais de 225 foram já acusados pela invasão ou resistência à autoridade.   

Congresso intima redes sociais a entregarem dados sobre as suas decisões

A par da investigação judicial, uma comissão do Congresso norte-americano também investiga os ataques ao Capitólio. E não gostou das respostas que recebeu aos seus pedidos de informações por parte da Google, Facebook, Twitter e Reddit.

“Duas questões centrais para esta comissão são a forma como a difusão da desinformação e do extremismo violento contribuiu para o ataque violento à nossa democracia, e que passos - se é que houve alguns - foram dados pelas redes sociais para evitar que as suas plataformas alimentassem a radicalização das pessoas no sentido da violência”, afirmou esta quinta-feira o presidente da Comissão, Bennie Thompson, citado pela CNBC, acrescentando estar desiludido por após meses de contactos ainda não ter tido acesso aos documentos e à informação necessária para responder a essas duas questões.

Por seu lado, todas as empresas em causa afirmam que estão a colaborar com a comissão do Congresso e a dar resposta aos seus pedidos, enquanto repetem os seus lemas e promessas para proteger as suas plataformas de comportamentos abusivos. Mas a comissão tem cada vez menos dúvidas de que lhe está a ser sonegada informação.

Por exemplo, em relação à Alphabet, queixa-se de que não foram entregues documentos acerca das suas discussões sobre moderação de conteúdo que acabaram por suspender o canal de Youtube de Donald Trump a seguir ao ataque ao Capitólio. No caso do Facebook, faltam documentos que expliquem o que levou à alegada dissolução da sua equipa de “Integridade Cívica” que se focava nos riscos associados à eleição. E o Twitter nunca explicou por completo o que o levou a suspender a conta de Donald Trump na mesma atura.

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