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“La Manada” em liberdade por viver longe da vítima e ter perdido o anonimato

Os juízes justificaram a decisão de libertar o grupo sob fiança por viverem longe da vítima e porque terem perdido o anonimato torna impensável que reincidam. Espanhóis já protestaram, portugueses convocaram protesto.
Os cinco homens estão presos desde julho de 2016 e poderiam ficar na prisão durante mais dois anos e meio. Contudo, o voto a favor de dois dos três juízes permite que saiam agora em liberdade caso paguem a fiança.
Os cinco homens estão presos desde julho de 2016 e poderiam ficar na prisão durante mais dois anos e meio. Contudo, o voto a favor de dois dos três juízes permite que saiam agora em liberdade caso paguem a fiança.

Com uma fiança de 6 mil euros, os cinco homens que violaram uma jovem de 18 anos durante as festas de Sanfermín, em Pamplona, poderão sair em liberdade. A decisão dos juízes da Audiencia de Navarra baseia-se no facto de estes homens viverem a 500 quilómetros da vítima e terem, com o caso, perdido anonimato.

Assim, afirmam que será “impensável” reincidirem. Os juízes justificam ainda pela ausência de antecedentes por delitos sexuais e por não terem dinheiro para “procurar uma fuga eficaz”. Os juízes somaram ainda a isto a “rejeição social” que existe em torno dos violadores, o que faz prever “extraordinárias dificuldades” no regresso à vida quotidiana.

Contudo, um dos homens já tinha sido acusado de ter abusado de uma jovem em Pozoblanco (Córdoba), dois meses antes da violação de Pamplona. A sentença do caso deverá ser conhecido no outono e o tribunal considera que o caso está em investigação e que não justifica mantê-lo(s) na prisão. Também neste caso os arguidos gravaram vídeos, divulgados em vários chats do Whatsapp.

Um dos acusados baseou o seu pedido de liberdade condicional no facto de estar prestes a ser pai. A futura mãe engravidou após uma visita conjugal.

A Fiscalía de Navarra, equivalente ao Ministério Público em Portugal, anunciou já esta sexta-feira de manhã que vai recorrer da decisão.

Os cinco homens estão presos desde julho de 2016 e poderiam ficar na prisão durante mais dois anos e meio. Contudo, o voto a favor de dois dos três juízes permite que saiam agora em liberdade caso paguem a fiança.

De acordo com o El Español, os detidos receberam a decisão judicial com “saltos de alegria”.

Espanhóis protestaram

“Não é abuso, é violação” foram as palavras que os espanhóis levaram para a rua após terem tomado conhecimento da sentença. Os protestos foram realizados em Madrid, Pamplona e Barcelona esta quinta-feira.

O PSOE manifestou-se preocupado com a decisão judicial: “Decisões como a da Audiencia Provincial de Navarra demonstram que ainda não entendemos a gravidade dos delitos que atentam contra a liberdade sexual das mulheres. Preocupa-nos muito a segurança”.

“A vítima de La Manada e todas as mulheres que são vítimas de violência sexual têm todo o nosso apoio, compreensão e solidariedade. Nós, sim, acreditamos nelas", acrescenta.

A secretária de Estado da Igualdade, Soledad Murillo, também usou o Twitter para divulgar a sua posição: “Como governo não posso valorizar a decisão judicial, apesar de a mesma provocar alarme social: manifestações nas ruas. Amanhã [sexta-feira] conheceremos o auto em que saberemos por que razão se chegou a este resultado de liberdade condicional”.

Entretanto, a Assembleia Feminista de Lisboa convocou um protesto para este sábado, às 19 horas, no Largo de Camões, em Lisboa.

 

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