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“La Manada” em liberdade por viver longe da vítima e ter perdido o anonimato
Com uma fiança de 6 mil euros, os cinco homens que violaram uma jovem de 18 anos durante as festas de Sanfermín, em Pamplona, poderão sair em liberdade. A decisão dos juízes da Audiencia de Navarra baseia-se no facto de estes homens viverem a 500 quilómetros da vítima e terem, com o caso, perdido anonimato.
Assim, afirmam que será “impensável” reincidirem. Os juízes justificam ainda pela ausência de antecedentes por delitos sexuais e por não terem dinheiro para “procurar uma fuga eficaz”. Os juízes somaram ainda a isto a “rejeição social” que existe em torno dos violadores, o que faz prever “extraordinárias dificuldades” no regresso à vida quotidiana.
Contudo, um dos homens já tinha sido acusado de ter abusado de uma jovem em Pozoblanco (Córdoba), dois meses antes da violação de Pamplona. A sentença do caso deverá ser conhecido no outono e o tribunal considera que o caso está em investigação e que não justifica mantê-lo(s) na prisão. Também neste caso os arguidos gravaram vídeos, divulgados em vários chats do Whatsapp.
Um dos acusados baseou o seu pedido de liberdade condicional no facto de estar prestes a ser pai. A futura mãe engravidou após uma visita conjugal.
A Fiscalía de Navarra, equivalente ao Ministério Público em Portugal, anunciou já esta sexta-feira de manhã que vai recorrer da decisão.
Os cinco homens estão presos desde julho de 2016 e poderiam ficar na prisão durante mais dois anos e meio. Contudo, o voto a favor de dois dos três juízes permite que saiam agora em liberdade caso paguem a fiança.
De acordo com o El Español, os detidos receberam a decisão judicial com “saltos de alegria”.
Espanhóis protestaram
“Não é abuso, é violação” foram as palavras que os espanhóis levaram para a rua após terem tomado conhecimento da sentença. Os protestos foram realizados em Madrid, Pamplona e Barcelona esta quinta-feira.
O PSOE manifestou-se preocupado com a decisão judicial: “Decisões como a da Audiencia Provincial de Navarra demonstram que ainda não entendemos a gravidade dos delitos que atentam contra a liberdade sexual das mulheres. Preocupa-nos muito a segurança”.
Decisiones como la de Audiencia Provincial de Navarra demuestran que aún no se ha entendido la gravedad de los delitos que atentan contra la libertad sexual de las mujeres. Nos preocupa y mucho su seguridad.#LaManada
— PSOE (@PSOE) June 21, 2018
“A vítima de La Manada e todas as mulheres que são vítimas de violência sexual têm todo o nosso apoio, compreensão e solidariedade. Nós, sim, acreditamos nelas", acrescenta.
La víctima de #LaManada y todas las mujeres que son víctimas de violencia sexual tienen todo nuestro apoyo, comprensión y solidaridad. Nosotros sí las creemos.
— PSOE (@PSOE) June 21, 2018
A secretária de Estado da Igualdade, Soledad Murillo, também usou o Twitter para divulgar a sua posição: “Como governo não posso valorizar a decisão judicial, apesar de a mesma provocar alarme social: manifestações nas ruas. Amanhã [sexta-feira] conheceremos o auto em que saberemos por que razão se chegou a este resultado de liberdade condicional”.
Entenderéis que como Gob no puedo valorar esta decisión judicial, a pesar de que la misma genera una alarma social: manifestaciones en las calles. Mañana sale el auto donde sabremos por qué se ha llegado a este resultado de libertad provisional.
— Soledad Murillo (@soledad_murillo) June 21, 2018
Entretanto, a Assembleia Feminista de Lisboa convocou um protesto para este sábado, às 19 horas, no Largo de Camões, em Lisboa.
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