“Justiça climática já", ouviu-se em Coimbra, Porto e Lisboa

25 de setembro 2020 - 21:55

“Não há planeta B” e “justiça climática já”, foram as palavras de ordem de centenas de jovens nas manifestações pela justiça climática em Coimbra, Porto e Lisboa. Bloco irá apresentar "Lei de Bases do Clima", diz o deputado Nelson Peralta.

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Os manifestantes exigem empenho no corte de 50% de emissões de gases com efeito de estufa até 2030.
Os manifestantes exigem empenho no corte de 50% de emissões de gases com efeito de estufa até 2030. Foto de Manuel de Almeida, Agência Lusa.

Na Avenida da Liberdade, em Lisboa, os manifestantes entoaram palavras de ordem como “justiça climática já”, ou a já conhecida “não há planeta B”, que marcou as primeiras manifestações de mobilização climática suscitadas por Greta Thunberg e o movimento estudantil em todo o mundo.

As exigências dos manifestantes mantêm-se na mesma linha, com pedidos de empenho no corte de 50% de emissões de gases com efeito de estufa até 2030, a requalificação de trabalhadores em indústrias poluentes ou a proibição de expansões portuárias ou aeroportuárias.  

Na base da ação de hoje está o mesmo apelo do movimento “Friday´s for Future”, também criado por Greta Thunberg, que em Portugal teve eco no movimento Salvar o Clima.

Ao Esquerda.net, a ativista Sofia Oliveira considera que a greve climática estudantil "exige a recuperação dos transportes públicos", nomeadamente a linha do Oeste. 

O deputado do Bloco de Esquerda, Nelson Peralta, considerou que "os jovens saem à rua com um grito de alerta: não temos planeta B". E é por isso, diz, "que o Bloco de Esquerda exige um caminho para a neutralidade e que não deixe ninguém para trás". Razão pela qual o Bloco irá apresentar, "muito em breve", uma "lei de Bases do Clima" com estes objetivos.

O acordo entre a União Europeia e o Mercosul foi um dos principais visados da manifestação em Lisboa, com o primeiro-ministro, António Costa, a ser desafiado nas intervenções finais a esclarecer “se está com a Amazónia ou se está com Bolsonaro”, noticia a agência Lusa.

Elementos do “Parents For Future”, pais e mães igualmente inspirados no movimento criado por Greta Thunberg, colocaram sapatos no chão da Praça dos Restauradores para chamar a atenção para a “emergência climática”.

No Porto, a concentração de jovens pediu “ajuda para salvar o planeta”, com muitos outros a fazerem-se representar por pares de sapatos espalhados pelo chão devido à crise pandémica. Dentro dos sapatos, uma flor e uma mensagem para representar a mensagem comum às várias manifestações: “não há planeta B”.

Em declarações à Agência Lusa, uma manifestante, Ana Luísa Duarte, relembrou que “se o planeta fosse um banco já o tinham resgatado”. E considerou ser urgente uma maior ação e mobilização pelo clima quer por parte do Governo, da comunidade e em termos individuais.

Por seu lado, Gabriela Gomes, de 15 anos, referiu que o mundo está num “caminho muito acelerado para o colapso ambiental”. Apesar de criticar a “inação governamental” nesta matéria, a jovem lembrava, contudo, que o comportamento individual é o que vai salvar o planeta, pedindo “mais ação e sensibilização”, relata a Lusa.

Em Coimbra, dezenas de jovens com máscaras e distanciados entre si, concentraram-se no Jardim Botânico e seguiram até à Praça 8 de Maio, gritando palavras de ordem como "Não há planeta B" e "Mudem o sistema, não mudem o clima".

Nos cartazes e tarjas que envergavam, podia-se ler "O Capitalismo não é verde", "Portugal sem furos" ou "Não à mina, Sim à vida".

"A situação da covid-19 é um facto, mas as alterações climáticas são uma agenda de todos nós. É extremamente urgente falar desta causa, com ou sem covid-19, porque está presente no nosso dia-a-dia e estará presente nas nossas vidas futuras", afirmou à Lusa um dos organizadores da ação de Coimbra, Cláudio Estrela.

No facebook, o ativista João Camargo declarou: "por todo o mundo saiu-se à rua hoje pela ação climática porque, apesar da pandemia, a crise climática não parou ou sequer desacelerou. Mudar o sistema, não o clima, porque esta economia é uma pandemia. Em Lisboa, e em muitas outras cidades do país, voltámos às ruas".

Por todo o mundo saiu-se à rua hoje pela acção climática porque, apesar da pandemia, a crise climática não parou ou...

Publicado por João Camargo em Sexta-feira, 25 de setembro de 2020

 

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