Na Avenida da Liberdade, em Lisboa, os manifestantes entoaram palavras de ordem como “justiça climática já”, ou a já conhecida “não há planeta B”, que marcou as primeiras manifestações de mobilização climática suscitadas por Greta Thunberg e o movimento estudantil em todo o mundo.
As exigências dos manifestantes mantêm-se na mesma linha, com pedidos de empenho no corte de 50% de emissões de gases com efeito de estufa até 2030, a requalificação de trabalhadores em indústrias poluentes ou a proibição de expansões portuárias ou aeroportuárias.
Na base da ação de hoje está o mesmo apelo do movimento “Friday´s for Future”, também criado por Greta Thunberg, que em Portugal teve eco no movimento Salvar o Clima.
Ao Esquerda.net, a ativista Sofia Oliveira considera que a greve climática estudantil "exige a recuperação dos transportes públicos", nomeadamente a linha do Oeste.
O deputado do Bloco de Esquerda, Nelson Peralta, considerou que "os jovens saem à rua com um grito de alerta: não temos planeta B". E é por isso, diz, "que o Bloco de Esquerda exige um caminho para a neutralidade e que não deixe ninguém para trás". Razão pela qual o Bloco irá apresentar, "muito em breve", uma "lei de Bases do Clima" com estes objetivos.
O acordo entre a União Europeia e o Mercosul foi um dos principais visados da manifestação em Lisboa, com o primeiro-ministro, António Costa, a ser desafiado nas intervenções finais a esclarecer “se está com a Amazónia ou se está com Bolsonaro”, noticia a agência Lusa.
Elementos do “Parents For Future”, pais e mães igualmente inspirados no movimento criado por Greta Thunberg, colocaram sapatos no chão da Praça dos Restauradores para chamar a atenção para a “emergência climática”.
No Porto, a concentração de jovens pediu “ajuda para salvar o planeta”, com muitos outros a fazerem-se representar por pares de sapatos espalhados pelo chão devido à crise pandémica. Dentro dos sapatos, uma flor e uma mensagem para representar a mensagem comum às várias manifestações: “não há planeta B”.
Em declarações à Agência Lusa, uma manifestante, Ana Luísa Duarte, relembrou que “se o planeta fosse um banco já o tinham resgatado”. E considerou ser urgente uma maior ação e mobilização pelo clima quer por parte do Governo, da comunidade e em termos individuais.
Por seu lado, Gabriela Gomes, de 15 anos, referiu que o mundo está num “caminho muito acelerado para o colapso ambiental”. Apesar de criticar a “inação governamental” nesta matéria, a jovem lembrava, contudo, que o comportamento individual é o que vai salvar o planeta, pedindo “mais ação e sensibilização”, relata a Lusa.
Em Coimbra, dezenas de jovens com máscaras e distanciados entre si, concentraram-se no Jardim Botânico e seguiram até à Praça 8 de Maio, gritando palavras de ordem como "Não há planeta B" e "Mudem o sistema, não mudem o clima".
Nos cartazes e tarjas que envergavam, podia-se ler "O Capitalismo não é verde", "Portugal sem furos" ou "Não à mina, Sim à vida".
"A situação da covid-19 é um facto, mas as alterações climáticas são uma agenda de todos nós. É extremamente urgente falar desta causa, com ou sem covid-19, porque está presente no nosso dia-a-dia e estará presente nas nossas vidas futuras", afirmou à Lusa um dos organizadores da ação de Coimbra, Cláudio Estrela.
No facebook, o ativista João Camargo declarou: "por todo o mundo saiu-se à rua hoje pela ação climática porque, apesar da pandemia, a crise climática não parou ou sequer desacelerou. Mudar o sistema, não o clima, porque esta economia é uma pandemia. Em Lisboa, e em muitas outras cidades do país, voltámos às ruas".
Por todo o mundo saiu-se à rua hoje pela acção climática porque, apesar da pandemia, a crise climática não parou ou...
Publicado por João Camargo em Sexta-feira, 25 de setembro de 2020