Juiz Carlos Alexandre a favor da legalização da canábis

31 de maio 2017 - 16:28

A medida “reduziria drasticamente a expressão do crime organizado”, defendeu o juiz esta terça-feira nas Conferências do Estoril.

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Carlos Alexandre. Imagem da entrevista dada à SIC em 2016.

O juiz Carlos Alexandre juntou a sua voz aos que defendem uma mudança nas leis proibicionistas em Portugal. Na sua intervenção nas Conferências do Estoril, lembrou as palavras de outro defensor da legalização das drogas, já desaparecido, o ex—presidente da Assembleia da República Almeida Santos.

Segundo o juiz, citado pelo Público, a "liberalização de algum comércio de drogas" sob controlo estatal “não apenas retiraria dos circuitos do crime comum os 50% a 60% de drogados e pequenos traficantes que para ele contribuem, como reduziria drasticamente a expressão do crime organizado”, que “sofreria o mais rude golpe”.

Com a legalização, as drogas “seriam adquiríveis a preços irrisórios, ao nível dos do álcool ou do tabaco”, explicou o juiz, lembrando que “o uso destes, também tóxicos, não alimenta significativamente a criminalidade comum”.

Para além dos elogios à evolução da política de toxicodependência nas últimas décadas, como os programas de metadona e drogas de substituição, Carlos Alexandre sublinhou que com a legalização “não seria, aliás, só o tráfico de drogas que deixaria de ter justificação. Os demais tráficos ilícitos – de armas, de prostitutas, de empregos, de materiais nucleares, etc. – passariam a enfrentar dificuldades de alimentação financeira que hoje os não preocupam”.

O juiz falou ainda da apropriação por parte do crime organizado em relação a governos, parlamentos, polícias e tribunais e defendeu a criação de tribunais com jurisdição plurinacional. E deixou críticas às leis fiscais que permitem o branqueamento de capitais através de offhores por parte de pessoas que se apresentam como benfeitores da sociedade. “Como se ressocializa o banqueiro que lava mais branco?”, questionou, citando de novo Almeida Santos.

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