Jornalista do Público Maria José Oliveira pede demissão

05 de junho 2012 - 2:11

Maria José Oliveira explicou à agência Lusa que sente já não ter “condições nem vontade para continuar no jornal", face à forma como foi conduzido o processo relativo ao ‘caso das secretas’, que envolveu o ministro Miguel Relvas.

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Ministro ameaçou publicar dados privados da vida da jornalista caso fosse publicada a notícia sobre o ‘caso secretas’. Miguel Relvas acrescentou ainda que iria fazer queixa contra maria José oliveira na ERC e MP e contactar todos os ministros para fazerem blackout ao Público. Foto Mário Cruz, Lusa.

"Pedi a demissão (...). A forma como o processo foi gerido fez-me perder a confiança na direção, pelo que entendi que não tinha condições nem vontade para continuar no jornal", afirmou a jornalista do Público numa mensagem de telemóvel remetida à agência Lusa.

A TSF, que noticiou, em primeira mão, a demissão da jornalista, e à qual Maria José Oliveira se negou a prestar declarações gravadas, cita as respostas dadas pela jornalista ao provedor do leitor do jornal Público, José Queirós, nas quais são avançadas, segundo a rádio, as razões que justificam esta demissão.

A jornalista do Público terá defendido que não partilha da avaliação da direção do Público que determinou a não publicação da peça da sua autoria, de dia 16 de maio, que versava sobre as incongruências das declarações de Miguel Relvas sobre o 'caso secretas'.

“A notícia tinha relevância: não só porque revelava incongruências prestadas durante duas horas e meia perante os deputados, como também era importante o facto de o ministro recusar esclarecer as suas próprias contradições, justificando que já tinha prestado todos os esclarecimentos ‘em sede própria’”, defendeu Maria José Oliveira.

A jornalista lamentou ainda que a direção do Público tenha divulgado o conteúdo da ameaça do ministro Miguel Relvas sem a sua autorização e que não tenha “sublinhado que se trata de uma informação falsa” que pretendia colá-la a “uma agenda ideológica e descredibilizar” o seu trabalho. Ao proceder desta forma, o jornal Público terá, segundo a jornalista, “transformado em facto” a ideia de que a mesma viveria “com uma pessoa da oposição, quase corroborando as queixas do ministro” sobre a perseguição de que este seria alvo.

“Não percebo como é que ninguém da direção teve lucidez e inteligência para não pensar nestas consequências que estão agora à vista de todos”, rematou Maria José Oliveira.