Esta segunda-feira, o jornal independente russo Novaya Gazeta anunciou que irá suspender as suas publicações até que termine a guerra na Ucrânia. A decisão segue-se ao segundo aviso do regulador russo das telecomunicações por ter violado a lei sobre “agentes estrangeiros”, ao não referir que uma ONG citada numa notícia estava classificada como agente estrangeiro pelo Governo.
"Não há outra solução. Para nós e sei que para vocês é uma decisão terrível e dolorosa. Mas temos que nos proteger uns aos outros", escreveu Dmitri Muratov, premiado com o Nobel da Paz no ano passado, na carta aos leitores do jornal citada pela France Presse.
O Novaya Gazeta foi fundado em 1993 e ganhou prestígio enquanto órgão de comunicação independente na investigação aos crimes de corrupção dos oligarcas e às violações dos direitos humanos na guerra da Chechénia. Por causa dessas investigações, viu sete dos seus jornalistas e colaboradores assassinados desde 2000, incluindo Anna Politovskaya, baleada em 2006.
A decisão do jornal segue-se à de outros órgãos de comunicação independentes como a Dozhd TV e a rádio Echo Moskvy, que preferiram encerrar portas a trabalhar sob as condições de censura impostas pelo Kremlin.
No site da Novaya Gazeta, os editores deixaram uma mensagem breve: “Recebemos outro aviso do Roskomnadzor [Serviço Federal de Supervisão de Comunicações, Tecnologia da Informação e Meios de Comunicação de Massa]. Posto isso, suspendemos a publicação do jornal no website, nas redes e em papel - até terminar a ‘operação especial no território da Ucrânia’”