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Jornal de Angola acusa Governo e AR portugueses de “violações grosseiras e inaceitáveis”

O editorial do Jornal de Angola deste sábado, 3 de abril de 2016, com o título “Contra as ingerências”, acusa “a declaração da União Europeia” e a “posição tomada pelo Governo e Assembleia da República portuguesas” de “violações grosseiras e inaceitáveis na medida em que põe em causa o país e as suas instituições”.
O jornal do regime angolano diz também que “é totalmente infundado a ideia de que o processo de julgamento dos chamados 'revús' teve uma dimensão política e desprovida de supostas garantias legais”.
O Jornal de Angola diz ainda que “a grave e injustificável cruzada contra o Estado angolano e as suas instituições não vingam, nem são suficientes para demovê-las da prossecução dos fins que buscam”.
Recorde-se que os 17 jovens ativistas, a que o jornal do regime angolano chama 'revús', foram acusados de “actos preparatórios de rebelião e associação de malfeitores” por lerem e debaterem em conjunto um livro e que foram condenados na passada segunda-feira a penas de 2 a 8 anos de prisão.
Catarina Martins na passada quarta-feira na AR, no debate com o primeiro-ministro, afirmou: “a decisão política do poder judicial confirma o que já sabíamos: Angola é uma ditadura”. A porta-voz do Bloco de Esquerda disse ainda a António Costa: “Este é o lugar para o senhor primeiro-ministro deixar uma palavra clara pela libertação dos presos políticos de Angola”.
Perplexidade, surpresa e vergonha
Em artigo de opinião, assinado por José Ribeiro e Castro e Manuel Monteiro, ex-líderes do CDS-PP, e publicado neste sábado no jornal “Público” com o título “Aquele dia triste em São Bento”, os autores manifestam-se “chocados” com a rejeição pela AR dos votos de condenação de Angola, apresentados pelo PS e pelo Bloco de Esquerda.
“Ver o CDS-PP e o PSD votarem ao lado do Partido Comunista Português contra qualquer manifestação de discordância face às severas penas de prisão a que foram condenados 17 jovens angolanos que pacificamente exprimem divergência política é impossível de explicar – e de compreender. Ou, então, um gesto que deixa tudo explicado”, afirmam os dois antigos líderes do CDS-PP.
“Quem não se chocou com a tremenda brutalidade das sentenças, que feriram os 17 com penas desde os dois anos e três meses aos oito anos e meio de cadeia – está esquecido não só do sentido da medida, mas da própria ideia de humanidade”, salienta-se no artigo, sublinhando ainda que “Quem não se surpreendeu com o facto de a pena mais elevada de duríssimos oito anos e meio de prisão ter sido sentenciada ao autor do livro, que não estava proibido – é porque perdeu, se alguma vez teve, noção de lei e de justiça”.
Os antigos presidentes do CDS- PP realçam que “bastava ao CDS abster-se e o voto tinha passado”, revelam experimentaram “perplexidade e surpresa” e, “em boa verdade, também vergonha”.
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