Jogadores do Valência deixam relvado após insulto racista a Diakhaby

05 de abril 2021 - 14:36

Em comunicado, o clube repudiou o racismo e manifestou o seu total apoio a Mouctar Diakhaby. A Liga irá investigar o caso e Juan Cala, do Cádiz, poderá ser alvo de castigo.

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Foto retirada da conta de Twitter do Valencia CF.

Durante o jogo entre o Cádiz e o Valência, que teve lugar este domingo, Cala e Mouctar Diakhaby envolveram-se numa discussão em que o jogador do Valência afirma ter sido alvo de insulto racista. Diakhaby abandonou o campo e os restantes jogadores do clube seguiram-no, em solidariedade.

“A equipa reuniu-se e decidiu voltar para lutar pelo símbolo [que defende] mas condena de forma firme todas as formas de racismo. Não ao racismo”, escreveu o clube valenciano na sua conta de Twitter. O jogo foi retomado 20 minutos depois. “O jogador pediu aos seus companheiros para que voltassem e lutassem”, lê-se na publicação.

“Ao minuto 29 interrompi o jogo devido a uma confrontação entre jogadores de ambas as equipas. O jogador Mouctar Diakhaby, uma vez admoestado por discutir com um jogador contrário, disse-me textualmente ‘Ele chamou-me negro de m****, em referência ao jogador do Cádiz Juan Torres Ruiz [Cala]. O facto não foi percebido por nenhum dos membros da equipa de arbitragem”, descreveu Medie Jiménez, árbitro do Cádiz-Valência, no seu relatório, citado pela Marca.

O caso será agora analisado pela La Liga e Juan Cala poderá castigado.

“O que aconteceu hoje jamais deveria voltar a acontecer no futebol”

“Mouctar Diakhaby converteu-se em mais uma vítima do racismo no futebol. Depois de sofrer um intolerável insulto racista, receber um cartão amarelo por protestar”, escreve o Valencia em comunicado.

O clube afirma-se “orgulhoso do apoio que recebeu Diakhaby por parte dos seus companheiros e da decisão de abandonar em bloco o campo” e destaca que o que aconteceu “jamais deveria voltar a acontecer no futebol”.

“O Valência está contra o racismo e manifesta o seu total apoio a Diakhaby. Hoje é um dia triste para o nosso desporto. O que perdemos hoje não foi um jogo, hoje perdeu-se o respeito e o espírito do futebol e do desporto”, remata.

Também o Cádiz reagiu em comunicado aos acontecimentos que acabaram por ensombrar a sua vitória no jogo de domingo e anunciou depois que Juan Cala irá comparecer esta terça-feira a uma conferência de imprensa.

O clube reafirma a sua posição contra o racismo e a xenofobia e diz que “todos os autores destes delitos, sejam ou não do nosso clube, devem pagar por eles”. Por outro lado, diz não duvidar “da honestidade de todos os membros do nosso plantel, que são firmes defensores da luta contra o racismo e cuja atitude sempre foi exemplar em todos os encontros já disputados”.

Também o edil da cidade, José Maria González, eleito nas listas do Podemos, publicou nas redes sociais que “o racismo condena-se sempre. Na sociedade e no futebol. Sem meias tintas e sem desculpas”.

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