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“A irresponsabilidade em democracia tem de ter os dias contados”
O debate entre a porta-voz do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, e Pedro Passos Coelho começou com a questão da venda do Novo Banco, agora adiada para o período pós eleições.
Segundo Catarina Martins, o "adiamento da venda do Novo Banco aparece como muito oportuno para o Governo numa altura em que se iria conhecer quanto é que a resolução iria custar aos contribuintes portugueses".
Reagindo à tentativa de desresponsabilização, por parte do primeiro-ministro, no que respeita a este processo, a dirigente bloquista referiu que "é mentira que o Governo não esteja no fundo de resolução".
Catarina Martins garantiu que o Estado foi "lesado três vezes", na medida em que o dinheiro que está no Fundo de Resolução é dívida pública, que “o banco público vai ser chamado a arcar com os prejuízos” e que “a litigância relativa ao BES vai cair-nos em cima”.
A porta-voz bloquista lamentou que os contribuintes tenham sido sempre chamados a pagar”. “A finança é predadora do país", afirmou, sublinhando que "há diferença entre quem defende o país dos desmandos da banca e quem alinha com a finança".
A dirigente do Bloco salientou ainda que quando está em causa o sistema financeiro um défice alto já não é problema, mas quando estavam em causa salários o défice não podia subir nem 0,1%.
Acusando Passos de nada ter feito para evitar novos casos BPN, a deputada lembrou que o executivo chumbou todas as propostas do Bloco e que o primeiro-ministro veio, inclusive, elogiar Dias Loureiro, um dos principais responsáveis pelo buraco do BPN, apresentando-o como empresário modelo.
O país está sujeito ao "gangsterismo financeiro", apontou Catarina Martins.
“Plafonamento de pensões beneficia quem mais ganha e endivida o país”
Num segundo momento do debate, e instado por Catarina Martins a explicar o tamanho do "buraco" causado pelo proposta de plafonamento das pensões que consta do programa da coligação de direita, Passos Coelho tentou esquivar-se, procurando colar o Bloco ao Syriza.
"O doutor Passos Coelho, quando o tema não lhe agrada, ou vai para o passado ou para outra zona geográfica", respondeu a bloquista. “O programa que está a ser aplicado na Grécia é o seu programa”, avançou ainda Catarina Martins.
Sobre a proposta de plafonamento das pensões, a porta-voz do Bloco citou o livro do próprio Passos Coelho que, em 2010, admitia que o modelo proposto criaria um buraco e que seria necessário emitir dívida pública.
Já em 2007 “a mesma proposta de plafonamento assumia que era preciso emitir 9000 milhões de dívida pública", recordou a bloquista.
Segundo Catarina Martins, o regime proposto pela coligação PSD/CDS-PP beneficia quem mais ganha e endivida o país, “além de enviar as pensões para o casino financeiro”.
"Foram cortados salários, pensões e subsídios e o problema da divida não está resolvido"
Afirmando que o Governo seguiu “o mantra de que empobrecendo o país o problema da dívida ia ficar resolvido”, Catarina Martins lembrou que "foram cortados salários, pensões e subsídios e o problema da divida não está resolvido".
Na realidade, e segundo destacou a porta-voz do Bloco, o "PIB recuou 15 anos" e, apesar do empobrecimento do país, a "divida aumentou 2,5 vezes mais que o que estava previsto no memorando da troika" e cerca de "um milhão e meio à hora".
Durante o debate, a dirigente bloquista recordou que ao mesmo tempo que Passos chamava "piegas" aos portugueses, “o centrão chegava a acordo sobre subvenção vitalícias dos políticos”, uma proposta que foi travada pelo Bloco.
"Aventura total é chegar aqui e não ter uma única proposta para apresentar ao país"
Catarina Martins voltou a defender a reestruturação da dívida, lembrando que também pessoas da área política da coligação, como Manuela Ferreira Leite ou Bagão Félix, defendem essa via. O primeiro-ministro classificou esta ideia como "aventura", vincando que sempre evitou soluções deste género.
A porta-voz do Bloco reagiu: "Diz que as nossas propostas sobre a reestruturação da dívida são uma aventura mas não diz nada sobre a aventura que propõe aos portugueses. Aventura total é ter assaltado as pensões e apresentar-se aqui sem um único número para apresentar aos portugueses".
Na sua declaração final, a dirigente bloquista dirigiu-se a "quem se sente traído com o que este Governo fez ao país”, sublinhando “que existe alternativa".
“A irresponsabilidade em democracia tem de ter os dias contados”, rematou.
Veja os vídeos do debate entre Catarina Martins e Pedro Passos Coelho:
Frente a frente Catarina Martins e Passos Coelho na RTP Inform...Frente a frente Catarina Martins e Passos Coelho na RTP Informação (1ª parte)
Posted by Esquerda Net on Sexta-feira, 11 de Setembro de 2015
Frente a frente Catarina Martins e Passos Coelho na RTP Inform...Frente a frente Catarina Martins e Passos Coelho na RTP Informação (2ª parte)
Posted by Esquerda Net on Sexta-feira, 11 de Setembro de 2015
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