Irão ameaça vingar morte de Soleimani

06 de janeiro 2020 - 16:37

Esta segunda-feira, dezenas de milhares de iranianos juntaram-se no centro de Teerão em homenagem ao general assassinado por ordem de Trump na passada sexta-feira. O Irão prometeu vingança e anunciou no domingo que deixará de respeitar os limites impostos pelo tratado nuclear assinado em 2015.

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Fotografia: Hamid Vakili/Tehran Times
Fotografia: Hamid Vakili/Tehran Times

Dezenas de milhares de iranianos estão esta segunda-feira no centro de Teerão, trajados de negro, em homenagem ao general Qassem Soleimani, que morreu na passada sexta-feira na sequência de um ataque aéreo levado a cabo pelas forças norte-americanas, sob ordem de Trump, no Iraque. O ataque provocou ainda outros mortos: para além do número dois da Mobilização Popular, coligação de grupos paramilitares pró-iranianos no Iraque, Abu Mehdi al-Muhandis, morreram outras oito pessoas

A TV estatal iraniana chega a dizer que milhões de pessoas se manifestaram esta segunda-feira em Teerão, embora este número não possa ser verificado.

Nas cerimónias fúnebres, para além da presença de Khamenei, aiatolá do Irão, que tinha um relacionamento próximo com Soleimani, estiveram Esmail Ghaani, sucessor de Soleimani na Al-Quds, e Hassan Rouhan, presidente do Irão, assim como outros líderes do país. Ismail Haniyeh, líder do Hamas, da Palestina, também esteve presente, descrevendo Soleimani como “o mártir de Jerusalém” e afirmando que os grupos militantes palestinianos – incluindo o seu, que controla a Faixa de Gaza, cercada por militares israelitas – irão seguir o caminho de Soleimani “para controlar o projeto sionista e a influência norte-americana”.

A filha de Soleimani, Zeinab, ameaçou diretamente um ataque às forças armadas dos EUA no Médio Oriente no seu discurso público diante da multidão em Teerão.

“As famílias dos soldados norte-americanos no oeste da Ásia passam o dia à espera da morte dos seus filhos”, afirmou. “Maluco Trump, não penses que tudo acabou com o martírio do meu pai”, avisou, com a ameaça de que “um dia negro” vai cair sobre os Estados Unidos.

A multidão empunhava bandeiras vermelhas, da cor do sangue dos “mártires”, ou iranianas, libanesas ou iraquianas. Nas ruas, ouviam-se palavras de ordem como “Morte à América” e “Morte a Israel”. As imagens aéreas da televisão estatal do Irão mostram a multidão concentrada ao longo de vários quilómetros pelas avenidas de Teerão.

 

Os embaixadores dos 29 países da NATO vão reunir-se extraordinariamente nesta segunda-feira para discutir a crise entre os dois países. No sábado passado, a NATO anunciou que as operações de treino no Iraque iriam ser suspensas, após a morte de Soleimani. A missão da NATO no Iraque treina as forças do país desde outubro de 2018, a pedido do governo iraquiano, de forma impedir o retorno do Estado Islâmico.

Após o ataque dos Estados Unidos, o Irão prometeu vingança, tendo anunciado no domingo que deixará de respeitar os limites impostos pelo tratado nuclear que foi assinado em 2015 com os cinco países com assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas – Rússia, França, Reino Unido, China e EUA – e com a Alemanha. Este acordo tinha o objetivo de restringir a capacidade iraniana de desenvolver armas nucleares.

O acordo já tinha sido abandonado pelos próprios EUA em maio de 2018. Nessa altura, Trump afirmara que os EUA iriam aplicar sanções "ao mais alto nível". 

Já no Iraque o parlamento aprovou uma resolução em que se pede ao governo que rasgue o acordo com os EUA, datado de 2016. Nele, os EUA comprometiam-se a ajudar na luta contra o Estado Islâmico, o que justifica que estejam cerca de 5200 militares norte-americanos no Iraque.