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Investimento público na habitação “é o mais seguro que o país pode fazer”

No encerramento do Fórum Socialismo 2019, Catarina Martins afirmou que o programa eleitoral do Bloco fez as contas para propor “investimento com critério” e não ao sabor dos interesses dos grupos que vivem das rendas do Estado.
Catarina Martins
Foto de Paula Nunes.

No arranque de um mês que será marcado pela campanha eleitoral para as legislativas, Catarina Martins não perdeu tempo para avisar que “há quem tente que esta campanha seja sobre tudo menos o que conta”. E o que conta são as propostas que cada partido vai apresentar ao país, sublinhou. “Recusamos o caminho da intriga, vamos ao caminho da proposta”, afirmou a coordenadora bloquista, acrescentando para o Bloco,  as duas áreas que definem o próximo governo são as do trabalho e o investimento.

De entre as propostas do programa eleitoral do Bloco, Catarina escolheu uma das mais emblemáticas: a de um programa público de reabilitação urbana para colocar no mercado 100 mil casas com rendas mensais entre 150 e 500 euros. Trata-se de uma medida que “cria emprego durante toda a legislatura, estimula a economia, regula o mercado e puxa as rendas para preços dignos, e responde a desafios da emergência climática, porque tem critérios de eficiência e combate à pobreza energética”, prosseguiu.

Para Catarina Martins, trata-se de “investimento com critério e não ao sabor dos interesses dos grandes grupos económicos que gostam de viver das rendas do Estado”. Mas também é investimento com retorno, como provam as experiências de programas semelhantes feitos há muitas décadas em Portugal. A explicação é simples: “quem vive do seu trabalho paga a renda da sua casa, cumpre os seus compromissos”. E por isso “é o investimento público mais seguro que se pode fazer neste país”, ao contrário do que acontece com o sistema financeiro, “onde o Estado já colocou 17 mil milhões que nunca ninguém pagou”. As famílias que vivem do seu trabalho “não fazem como Salgado ou Berardo, que diz que não tem dívidas”, ironizou Catarina, por entre aplausos da assistência.

O Bloco regressou ao local da rentrée política do Bloco em 2015, que também deu o tiro de partida para a campanha eleitoral das legislativas. “Aconteceu muita coisa nestes 4 anos, mas há uma certeza que temos: quando há quatro anos dissemos que Portugal valia a pena, sabíamos o que dizíamos e fizemos o que dissemos”, afirmou a coordenadora do Bloco às centenas de pessoas presentes na Escola Artística Soares dos Reis. E aproveitou para saudar a edição mais participada de sempre do Fórum Socialismo, com 750 participantes em mais de meia centena de debates.

Desses quatro anos que separam o Fórum de 2015 do deste domingo, Catarina destacou o contributo do Bloco para a formação de uma maioria que afastou a direita do governo. “Garantimos o cumprimento da Constituição e um parlamento que sabe que quem aqui vive tem de ser tratado com dignidade” e ao mesmo tempo “não virámos a cara a nenhum desafio, não rejeitámos nenhuma responsabilidade”, resumiu.

“No dia 6 de outubro, é quem vota que faz acontecer”.

“Quem diria que seria possível em Portugal baixar-se pela primeira vez as propinas da universidade no ano letivo que vai agora começar?”, questionou, destacando em seguida algumas das vitórias da legislatura, como “a de quem está a cuidar dos seus e não tinha sequer um nome e hoje tem: estatuto do cuidador informal”. Ou a Lei de Bases da Saúde, prestando tributo a António Arnaut e João Semedo, aprovada após “um caminho tão difícil”. “Ganhou o país porque onde existia uma lei que regulava o mercado e o negócio da doença, há hoje uma lei que permite salvar o SNS. E se houve quem teve dúvidas ou fez ziguezagues não foi certamente o Bloco”, recordou.

“O que construímos não foi construído por 19 deputados do Bloco, foi construído por milhares de pessoas que querem um país mais justo. Gente que votou no Bloco ou, mesmo não tendo votado, encontrou no Bloco a força política que o acompanhou em todas as suas lutas”, prosseguiu Catarina, destacando que “foi a força desta gente que construiu a esperança contra o medo, que fez acontecer”. No final, deixou o apelo que vai repetir muitas vezes nas próximas semanas: “No dia 6 de outubro, é quem vota que faz acontecer”.

 

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