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Insultos racistas de Trump: Câmara dos Representantes condena, visadas querem destituição

A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou uma moção na qual condena o presidente do país pelos “comentários racistas” dirigidos a quatro congressistas. Trump mandava-as “regressar aos seus países de origem”. Elas responderam que estão no seu país e querem a destituição de Trump.
Conferência de imprensa das quatro congressistas atacadas por Trump.
Conferência de imprensa das quatro congressistas atacadas por Trump. Foto: twitter

A Câmara dos Representantes aprovou com 240 votos a favor e 187 contra uma moção a condenar “fortemente” Donald Trump pelos “comentários racistas que legitimaram e aumentaram os receios e os ódios dirigidos aos novos americanos e às pessoas de cor”. No debate da moção, a presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, reiterou que as mensagens de Trump são “vergonhosas e repugnantes”.

Apesar do silêncio generalizado ou do apoio declarado da maior parte dos republicanos, alguns dos mais moderados também criticaram o presidente. A senadora do Maine, Susan Collins, disse que Trump “passou das marcas” e o único senador afro-americano que é republicano, Tim Scott, considerou que o presidente utilizou “linguagem racialmente ofensiva”.

O presidente norte-americano tinha dirigido um tweet a quatro congressistas não brancas que têm criticado a sua política migratória sugerindo que se não estavam satisfeitas deveriam “regressar aos seus países de origem” que classificou como “totalmente estragados” e “infestados de crime”.

As quatro mulheres que tanto irritam Trump são democratas eleitas para um primeiro mandato na Câmara dos Representantes: Alexandria Ocasio-Cortez, eleita pelo estado de Nova Iorque, Ilhan Omar, do Minnesota, Ayanna Pressley, do Massachusetts e Rashida Tlaib do Michigan. Em conferência de imprensa reagiram veementemente, acusando o presidente de seguir “a agenda dos nacionalistas brancos” e pediram aos cidadãos dos EUA para “não morderem o isco” da retórica divisionista que para além de ser “abertamente racista” tenta fazer uma manobra de diversão das controversas práticas de que está a ser acusado. Trump não resistiu a comentar esta conferência de imprensa no Twitter enquanto acontecia. Disse que as congressistas “estão a apoiar o socialismo, o ódio a Israel e aos EUA!”

Dentre elas, apenas Ilhan Omar não nasceu com cidadania do país, tendo vindo morar nele aos doze anos como refugiada e adotado depois a cidadania. Omar tinha considerado que Trump “violou abertamente o juramento que fez” ao permitir “abusos dos direitos humanos” na fronteira com o México e que, por isso, deveria ser alvo de um processo de destituição. O mesmo pensa Tlaib, nascida em Detroit, filha de imigrantes palestinos.

Por sua vez Ocasio-Cortez, natural do Bronx e de ascendência de Porto Rico, diz que não ficou surpreendida com os ataques: “este presidente não sabe como defender as suas políticas e então o que faz é atacar-nos pessoalmente”. A congressista acrescentou: “quero dizer às crianças de todo este país… que apesar do que o presidente diz, este país pertence-vos”.

E respondendo a Trump que jurava “não ter um osso racista no corpo” escreveu na mesma rede social: “tem razão, senhor Presidente – não tem um osso racista no seu corpo. Tem uma mente racista na sua cabeça e um coração racista no seu peito”.

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